Fernanda Ezabellalivros – Fernanda Ezabella http://fernandaezabella.blogfolha.uol.com.br Hollywood e outras viagens Mon, 18 Nov 2013 05:12:22 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Jogo Mortal Literário - um sarau nada comum http://fernandaezabella.blogfolha.uol.com.br/2012/06/12/jogo-mortal-literario-um-sarau-nada-comum/ http://fernandaezabella.blogfolha.uol.com.br/2012/06/12/jogo-mortal-literario-um-sarau-nada-comum/#comments Tue, 12 Jun 2012 10:00:28 +0000 http://fernandaezabella.blogfolha.uol.com.br/?p=961 Continue lendo →]]>

Silêncio na pista de dança. O globo de luz brilha nos mais de cem convidados numa boate de Los Angeles, todos sentados em fileiras de cadeiras brancas.

O escritor Chiwan Choi está no palco, ao microfone, com um copo de uísque na mão. Ele limpa a garganta e começa sua apresentação: por sete minutos, lê um trecho de seu novo romance.

Aos fundos, três jurados tomam notas (foto acima). Afinal, este não é um sarau qualquer, e sim uma edição do Literary Death Match (jogo mortal literário).

Seu criador e apresentador, Todd Zuniga (foto acima), observa a performance segurando uma bazuca de brinquedo. Quando algum autor ultrapassa os sete minutos estipulados, é atingido por um dardo de papel.

“Hollywood Hills, sofá de couro… Ok, Chiwan, nós já entendemos, você é um poeta rico”, ironiza um dos jurados.

Outros três escritores sobem ao palco e disputam os elogios do júri. O vencedor será determinado entre dois finalistas com brincadeiras improvisadas, como um boliche de livros com ovos de chocolate (era época da Páscoa), incluindo o difícil de derrubar “Liberdade” e o levinho “A Metamorfose”.

O vencedor da noite é DC Pierson (foto abaixo), um cabeludo loiro com pinta de hippie, que havia lido seus poemas em forma de rap.

O Literary Death Match já passou por Paris, Nova York e Pequim. Neste ano, tornou-se um evento mensal em Los Angeles, após Zuniga se mudar de Paris para cá.

“É um sonho fazer no Brasil, mas ainda não achei os organizadores certos”, afirma Zuniga. “Outro sonho seria ter Vik Muniz entre os jurados. É meu artista favorito.”

Fotos acimas: Luke Haskard/Divulgação

Este post foi originalmente publicado na coluna “Diário de L.A.”, da Ilustríssima (para assinantes Folha/Uol, clique aqui para ler).

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Adeus, Ray Bradbury! http://fernandaezabella.blogfolha.uol.com.br/2012/06/07/adeus-ray-bradbury/ http://fernandaezabella.blogfolha.uol.com.br/2012/06/07/adeus-ray-bradbury/#comments Thu, 07 Jun 2012 03:01:25 +0000 http://fernandaezabella.blogfolha.uol.com.br/?p=1001 Continue lendo →]]>

O texto abaixo foi publicado na Folha, em 19/09/2010.

LÁ FORA, AS SIRENES tocam com estardalhaço. Dentro, os espectadores se perguntam se o barulho faz parte do evento. Afinal, aguardamos o início de “Fahrenheit 451”, um filme sobre bombeiros (embora não aqueles que apagam fogo, e sim que incendeiam livros).

Mas as sirenes são apenas uma coincidência que marca a entrada de Ray Bradbury, o paladino das bibliotecas agonizantes e autor do livro homônimo no qual François Truffaut baseou seu longa-metragem de 1966.

Bradbury entra na sala e atravessa o corredor ignorando aplausos e flashes, o olhar petrificado por trás dos óculos de lentes grossas, enquanto desliza numa cadeira de rodas até o palco.

O autor de “O Homem Ilustrado” e “As Crônicas Marcianas” era o convidado da noite, na sede do Sindicato dos Roteiristas, em Los Angeles, no mês passado (agosto de 2010).

O escritor completou 90 anos em 22 de agosto (de 2010) e a prefeitura resolveu homenageá-lo criando oficialmente a Semana Ray Bradbury, com uma programação de eventos, peças de teatro e tardes de autógrafos.

Para falar com o público antes da exibição de “Fahrenheit 451”, Bradbury precisou que segurassem o microfone para ele. Na cadeira de rodas desde que sofreu um infarto, há mais de dez anos, o autor é uma figura frágil, mas não lhe faltam palavras afiadas e bom humor.

“Mel Gibson está muito ocupado com sua garota russa“, disse Bradbury, referindo-se às polêmicas do ator com sua ex-mulher. Há mais de uma década, Gibson comprou os direitos de produzir o remake de “Fahrenheit 451”. O contrato vence em 2011 e não há sinais de que o filme saia até lá.

Bradbury segue escrevendo vigorosamente. “Acordo todo dia e explodo”, conta, e dá risada: “Vomito pela manhã e limpo pela tarde”. Ele diz que, de sua casa em L.A., costuma ditar histórias pelo telefone para a filha, que mora no Arizona. Até o final do ano, lança o livro de contos “Juggernaut”.

Durante o evento, o escritor reafirma sua paixão pelas bibliotecas. Foi numa sala de estudos de uma delas, a Powell Library da Universidade da Califórnia, que escreveu “Fahrenheit 451”, há quase 60 anos, com uma máquina de escrever alugada na biblioteca.

O autor lembra que, sem dinheiro para fazer faculdade na época da Grande Depressão, impôs-se a disciplina de frequentar bibliotecas pelo menos três vezes por semana, durante dez anos.

Nos últimos anos, Bradbury visitou cerca de 200 bibliotecas californianas, em campanhas de arrecadação para evitar o fechamento de muitas delas, ameaçadas pelos drásticos cortes orçamentários do Estado.

“Bibliotecas são mais importantes do que universidades. Bibliotecas são livres. E o conhecimento deve ser livre.”

Hoje (19/9/2010), o autor dará autógrafos numa convenção de HQs em L.A. Mais de 20 obras suas foram transpostas para o universo dos quadrinhos na última década.

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