Os curtas do Oscar
24/02/12 06:02Por Luciana Coelho e Fernanda Ezabella
este post traz a convidada Luciana Coelho, correspondente da Folha em Washington e blogueira do “Eleições nos EUA”. Ela escreveu sobre os curtas de ficção e animação, e eu sobre os documentários. É difícil ter acesso aos curtas, mas têm muita coisa boa, fiquem de olho.
Melhor curta-metragem
“Pentecost” (Irlanda)
“Raju” (Alemanha/Índia)
“The Shore” (Irlanda do Norte)
“Time Freak” (EUA)
“Tuba Atlantic” (Noruega)
Fiquei impressionada pela seleção dos curtas do Oscar. Muito, mas muito melhor que a do ano passado.
“Pentecost”, trailer e foto acima, é sobre um coroinha maluco por futebol em seu grande momento auxiliando um arcebispo (o Oscar parece ter fixação com coroinhas irlandeses, no ano passado tinha outro curta assim).
“Raju” é um filme triste, triste sobre um casal alemão que quer adotar um garotinho indiano e descobre por acaso que o mundo das adoções internacionais é bem menos nobre do que se imagina (podia ter uns minutos a menos, porém).
“The Shore”, trailer abaixo, é uma história sobre um sujeito que volta para sua cidade natal no Norte da Irlanda após 25 anos vivendo nos EUA, supostamente como foragido político. Foi dirigido por Terry George, três vezes indicado ao Oscar e diretor de “Hotel Ruanda”.
“Time Freak” é superinspirado em séries de TV, com a historinha de um cara que inventa uma máquina do tempo, mas sofre de transtorno obsessivo compulsivo.
E “Tuba Atlantic” lança mão do bizarro (e muito soturno) humor nórdico para descrever os últimos dias de vida de um velhinho com um grande projeto em mente, e a relação dele com a adolescente que lhe faz companhia nesse momento.
Eu voto no “The Shore”, melhor que muito longa que está concorrendo.
Melhor curta-metragem de animação
“Dimanche/Sunday” (Canadá)
“The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore” (EUA)
“La Luna” (EUA)
“A Morning Stroll” (Inglaterra)
“Wild Life” ( Canadá)
Aqui nos EUA há uma sessão especial com os curtas. Meu preferido é “A Morning Stroll”, que reproduz a surreal caminhada de uma galinha no passado, no presente e no futuro.
Mas “La Luna” é bem bonito visualmente (é da Pixar, trailer abaixo), e “Domingo” é de uma melanconlia bem-humorada deliciosa, sobre a rotina família-igreja de um garotinho neste dia da semana.
São filmes menos adultos, porém. “The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore” é cafona até dizer chega, quase escolar ao tentar ilustrar a importância dos livros, e “Wild Life” é bonito, sobre um inglês que se muda para as pradarias no Canadá e tenta sobreviver ao frio, mas carece do humor ácido de “Domingo” e “Morning Stroll”.
Melhor curta documentário
“The Barber of Birmingham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement”
“God is the Bigger Elvis”
“Incident in New Baghdad”
“Saving Face”
“The Tsunami and the Cherry Blossom”
Tirando os dois primeiros curtas, chorei com os outros três. Tudo triste, histórias cabeludas.
“Incident in New Baghdad” começa falando de um soldado que resgatou duas crianças iraquianas após um ataque (dos americanos). “Saving Face” é de dar nó na barriga. Fala sobre os ataques de ácido contra mulheres no Paquistão (cem por ano, entre os que são registrados).
“The Tsunami and the Cherry Blossom”, meu segundo favorito, fala sobre o desastre no Japão. A diretora é a mala da Lucy Walker, indicada ao Oscar em 2011 por “Lixo Extraordinário”. “Mala” porque no ano passado eu tentei horrores falar com ela, e ela me ignorou solenemente. Ela jura que foi ao Japão, encarou a alta radiação e filmou tudo.
Os outros dois curtas têm humor, são mais leves. “The Barber of Birmingham” segue um velhinho figuraça que lutou pelos direitos civis dos negros e agora (2008) não acredita que pode votar no Obama.
“God is the Bigger Elvis” é meu favorito. O título é genial, mas não tem muita coisa de Elvis. É sobre a ex-atriz Dolores Hart, que fez filmes com Elvis Presley, mas resolveu virar freira. É divertido, e fala sobre religião com bastante leveza. A mulher é outra figura e estará no Oscar no domingo. Já o personagem de “Barber”, infelizmente, morreu.