As crianças (e as cobras) do Camboja
19/03/12 19:54From March 10, 2012 |
Uma das primeiras regras marteladas na cabeça do turista ao chegar no Camboja é: não dê dinheiro às crianças.
Mães pobres colocam os filhos pra dançar, vender souvenir ou até mesmo carregar cobras para conseguir umas fotos em troca de uns trocados.
From March 10, 2012 |
Estas do post são da “vila flutuante” do lago Tonlé Sap, perto de Siem Reap. A “vila”, na verdade, são barcos. Gente que mora ali o ano todo. Tem escola fluante, igreja numa grande balsa, mercado etc.
Para quem já foi às “Isla Flotantes” do Peru, as de Siem Reap são um pouco decepcionantes.
É uma “pegadinhas de turista”, como este barco-mercado que fomos, com “quintal” de jacarés, souvenires e crianças com cobras de estimação.
É uma pobreza desgraçada. Sujeira para tudo quanto é canto. Nas margens do lago, até as árvores têm sacos plásticos nas copas (porque a água sobe bastante numa certa época do ano, mas quando desce, o lixo fica preso nos galhos…).
From March 10, 2012 |
From March 10, 2012 |
Fernanda, tenho acompanhado sempre suas postagens sobre o Camboja, adoro as imagens e a visão bem crua do país. Apesar de ser um tema tão ou mais forte que a pobreza que assola essas crianças, queria que você mostrasse mais sobre o “sentimento” da população em relação ao genocídio dos anos 1970, pelo que li, muitos nem sabem o que aconteceu no país. Enfim, agradeço. E parabéns! (=
Oi Diego, legal seu comentário, muito obrigada. Então, eu fui de férias, não estava a trabalho, entrevistando pessoas. É difícil saber o “sentimento” da nação, mas para quem é turista há sempre a sombra do Khmer Rouge. Em qualquer museu ou mesmo história de templo, tem sempre um aparte sobre esses anos sombrios (o Khmer Rouge ficou no poder entre 1975-79, e o país viveu em guerra civil até os anos 90). A sensação, visitando estes lugares, é que qualquer pessoa no Camboja tem uma história particular de perda. Os “killing fields” (Choeung Ek), perto de Phnom Penh, são de chorar de triste, com muitos depoimentos gravados (e umas oito mil caveiras expostas!). E o julgamento dos Khmer Rouge está acontecendo neste momento. Então acho que é difícil acreditar que muitos nem saibam o que aconteceu. É bastante recente e com feridas profundas…
Eu recomendo para um entendimento quase “in loco” sobre o período do Khmer Rouge a lida do livro “First They Killed My Father”. É possível comprar no Camboja e nos EUA, provavelmente pela Amazon (logo, Brasil também). Dá uma sensação de estar vendo toda essa história em 1a pessoa. No entanto, os nativos em geral não falam sobre esse período. Eu recém-chegado nas primeiras oportunidades ao conhecer nativos gostaria de entender melhor o assunto mas é de certa forma um tabu. Muitos perderam avós, pais, tios, primos, etc, nessa época então é no mínimo algo complicado de conversa. Porém, se feito com jeito e de forma mais reservada eles se abrem mais. É nítida a sensação de revolta e frustração diante disso principalmente quando se compara o desenvolvimento do Camboja com o Vietnã e Tailândia. Há uma sensação, e em parte eu diria que faz sentido, que caso não houvesse tido o regime o país teria atingido o mesmo estágio de desenvolvimento dos países vizinhos. Atualmente estão ocorrendo os julgamentos dos mandantes dos massacres que ainda estão vivos. No entanto, como vem sido noticiado pela imprensa independente aqui, os tribunais vêm sendo manipulados e controlados pelo governo que está envolvido em muitos atos de corrupção.
Oi João, obrigada pelo comentário. E pela indicação de livro. Lembro de ter visto este por lá. Se for sair em portugues, já rola até uma pauta pro jornal. Muito obrigada!
Seria muito bom se saísse em português. Quando li, a história foi tão impactante que comprei outro, escrevi uma mensagem na capa, coloquei meu nome e passei para outra pessoa que após ler deve fazer o mesmo. Dá outra perspectiva de vida. Enfim, torço para que saia em português embora eu acredite que isso não irá ocorrer. Muito poucos brasileiros conhecem alguma coisa sobre o Sudeste Asiático infelizmente o que acredito deixa o mercado potencial do livro em português pequeno por enquanto. Abraço! ;]
Fernanda, fui ao Camboja em 2008 e a situação já era lamentável, imagino como esteja agora. A abordagem das crianças deixam o turista confuso e não sabendo como agir, acabam dando dinheiro e só depois se dando conta de que financiam esse sistema de turismo com base na exploração de crianças. Aqui no Brasil, passamos por situações parecidas, mas a miséria no Camboja é tanta.. Espero que um dia esse povo consiga se reerguer.
Exatamente, Marianna, o turista fica confuso mesmo. E as crianças são tão lindas e ingênuas, a gente fica sem chão mesmo. Um abraço!
Oi Fernanda isso náo e turismo é a realidade. Ja estive la algumas vezes. Como ja falaram o povo é extremamente simpatico e apeasar de toda pobreza me senti mais seguro no Cambodja que no Brazil.
de fato, problema zero com segurança! e aparentemente nunca fomos “abusados” em termos de grana (como motorista de tuk tuk querendo pedir o dobro da tarifa, etc etc).
Oi Fernanda. Não me assusto com esse tipo de matéria. Nós temos que saber o que há do outro lado do mundo, seja ruim ou bom. Nem todos nós temos oportunidades de conhecer esses países tão surrados por guerras, disputas, preconceitos e pobreza. Eu questiono a pobreza deles, porque pode ser para eles o paraíso e para nós não. Se as crianças são felizes com cobras, é melhor do que serem abandonadas como animais mortes no nosso país. A feclidade de cada um depende do desejo deles de alcançarem, não importa o país e a cultura deles.
Legal, so acho que deveria mostrar mais o dia a dia deles, como eles vivem em meio a tanta pobreza.
Besteira. São Paulo é infinitamente mais pobre que todo o Camboja e Siem Reap é um lugar adorável. A pobreza está lá? Sim. Mas a violência não. Assaltos, latrocínios, estupros e outras barbaridades são praticamente inexistentes. E vale lembrar que o Camboja atrai mais turistas que o Brasil inteiro. Existe um bom motivo para isso. Aqui existe uma pobreza infinitamente maior: a pobreza de espírito.
Se fosse no Brasil, todos ficavam alfinetando. É bom lembrar que não somos mais aquela republiqueta exportadora de bananas, de arroz, avançamos bem em direitos humanos! Essa nação asiática, mantém sua gente à margem dos direitos humanos.
ESSES IDIOTAS CHAMAM ISSO DE TURISMO, ISSO É UMA VERGONHA PARA ESSE PAÍS, DEIXAR ESSAS CRIANÇAS EXPOSTAS.
Oi Fernanda, acompanhei alguns de seus posts. Fico feliz que tenha alguém dando alguma atenção ao Camboja. Estou morando aqui nos últimos 6,5 meses e fico até o final de junho. Embora haja muita pobreza, mais até do que você viu, o povo Khmer é extremamente amigável. Dizem que nós brasileiros somos um povo muito amigável mas passei a discordar quando comparado com os locais se vc tiver a chance de fazer amizade com alguns. Além disso eles são muito ingênuos. Vou sentir muitas saudades quando for embora daqui. Se vc quiser dar uma olhada nas histórias sobre o Camboja ou outros países do Sudeste Asiático, andei escrevendo um blog: hldyncambodia.blogspot.com, espero que goste :).
oi João, obrigada pelo comentário. realmente as pessoas são extremamente doces, e ficam envergonhadas super facilmente, não é? Fiquei surpresa de como muitos falam inglês relativamente bem, e não só no hotel bacanudo em que ficamos, mas também guias e motoristas que encontramos pelo caminho, como o Lucky, que nos “pescou” na chegada de ônibus em Siem Reap e de tão simpático acabou virando nosso motorista nos três dias seguintes. Eu realmente gostei da viagem. Claro, este é um post mais triste, mas é a realidade de viajar para países assim. Vou dar uma olhada no seu blog mais tarde! Grande abraço!
Sim, embora (ou justamente) seja um país pequeno com uma população pequena, é muito comum encontrar nativos que falam inglês, e também thai, vietnamita ou chinês. Fico feliz que você tenha gostado! Quando cheguei aqui tive um choque enorme e logo achei que estava no fim do mundo. Levou um tempo pra superar esse sentimento. Porém, quando falo com os locais, principalmente os mais pobres e mais simples, eles nunca estão tristes, sempre sorrindo. Obrigado, sempre há uma ‘aventura’ nova por lá. Vou pra Indonésia agora em Abril e pretendo ir pra Myanmar em Maio, depois China em Julho.. hehe abraçao! ;]
Queríamos muito ir a Myanmar, mas como somos jornalistas e temos visto de jornalista, os guias dizem pra nem tentar. Quem sabe ano que vem eles abrem mais… Vc já viu Burma VJ, sobre Myanmar? Vale a pena, foi indicado ao Oscar, sobre os protestos dos monges. Abraço!
Estamos planejando em ir em um grupo de 4-5 pessoas e entre nós haverá um jornalista. Conversei com alguns agentes de viagens e eles disseram que não tem problema, é só não se identificar como jornalista e pedir o visto de turista. Nunca vi, vou procurar saber.
é que no meu passaporte tem meu visto de jornalista dos EUA, achamos melhor nao arriscar. vou seguir seu blog pra saber como anda. E já encomendei o livro. 🙂
ahhh.. entendi.. eh, aí é arriscado mesmo.. melhor esperar.. hehe.. aproveite o livro depois me fale o que vc achou… depois que vc terminar esse tem o “Lucky Child” que é a continuação e mostra quando ela foi morar nos EUA como refugiada..
e parece que já tem um terceiro, vi hoje no site da autora. vai lançar em abril. e veja só, em kindle, o primeiro livro está 0,99! depois te conto
Nada de só mostrar o que presta, deve-se mostrar a realidade nua e crua desse país.
Isso nem deveria ser publicado…
Somente deprecia a região, q8ue acredito tenha algo melhor em alguma região….