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Fernanda Ezabella

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Tony Bennett: "Isto me lembra Hitler"

Por @ferezabella
22/05/12 07:00

Na Ilustrada de domingo está minha entrevista com Tony Bennett e Maria Gadú (leia aqui). Os dois fizeram um dueto da música “Blue Velvet” para um disco dele só com colaborações de artistas latinos.

Foi num estúdio bacana em Fort Lauderdale, perto de Miami. O disco deve sair em setembro. Conversei com os dois separadamente, após a gravação.

Aos 85 anos, o cantor é um verdadeiro gentleman, mas parece que a memória lhe falha bastante e que não tem papas na língua – comparou os shows gigantes feitos em estádio com eventos liderados por Hitler. Seguem aqui umas aspas dele:

“Acho engraçado que hoje há shows em grandes estádios, para 46 mil pessoas. É um grande negócio, mas não é íntimo mais. É engraçado. Me lembra Hitler, ele tinha uma grande audiência e não era nada bom. É por isso que eu gosto de TV, é muito íntimo, você está na casa de todo mundo. Hoje eu faço casas de shows, ainda dá para bastante gente, 2.100, 1.500 pessoas, vai toda a família.”

“Parece que a música está ficando cada vez mais e mais barulhenta. Quem pode ser mais alto? Bruce Springsteen ou paul McCartney? Quanto mais alto dá pra ficar, sabe?”

“Quando eu comecei, meus heróis eram Frank Sinatra, Nat King Cole, Ella Fitzgerald, eram meus favoritos, uns dez anos mais velhos que eu. E, naquele tempo, era tudo íntimo, como agora, nesta conversa, tudo natural.”

Sobre Brasil, disse que ama o Rio de Janeiro, que já foi umas sete vezes e que é muito bem tratado quando se hospeda no Copacabana Palace. Disse que é amigo próximo de João Gilberto e que lembra de seu filho (acho que ele queria dizer filha porque João não tem filhos, certo?):

“Meu cantor favorito no mundo todo é João Gilberto, ele é meu favorito. E somos bons amigos, ele veio em minha casa muitos anos atrás, quando estava começando. Foi uma grande emoção para ele. Seu filho tinha cinco anos. E agora ele é um homem lindo, o vi na Suíça, num festival de jazz. Não acreditei em como estava bonito.”

“João canta tão bem. Assim como esta linda menina que vi hoje [referência a Gadú]. Para mim, quanto mais ‘soft’ a música, mais correta ela é.”


Apesar da reação conservadora com a música dos estádios, Bennett é bem liberal com as drogas. Quando Whitney Houston morreu em fevereiro, na véspera do Grammy e antes de uma grande festa no mesmo hotel em que estava hospedada, Bennett subiu ao palco da festa e fez um discurso esquisito, totalmente fora de lugar, pela liberalização das drogas.

Quando perguntei se a morte de Houston e Amy Winehouse (com quem ele faz um belíssimo dueto no seu disco anterior) o fazia pensar no próprio fim, ele voltou com a mesma fala:

“Tem que legalizar. Aprendi na Holanda, onde as drogas são legalizadas. Há um controle pelo menos, não há um submundo, intrigas, gente te forçando a tomar mais e mais. Quando é legalizado, há moderação”.

Um detalhe: Bennett quase morreu de overdose de cocaína no final dos anos 70.

A entrevista durou uns 10 minutos, e uma assessora de imprensa me interrompeu umas três vezes para encerrar o papo. Faz parte do trabalho. No finalzinho, quando perguntei como ele lidava com as novas tecnologias da música, ele contou que tem um iPod e “coloca tudo que pode” no aparelho.

“Mas em casa tenho um bom equipamento para ouvir música. Escuto bastante rádio e vejo bastante TV, adoro programas sobre música.”

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Comentários

  1. José Antonio comentou em 22/05/12 at 20:13

    Tony Bennett é fantástico!!!! Sobre os grandes shows, só quem teve o prazer de ver os melhores da música brasileira na saudosa casa “O BECO” sabe o que ele quer dizer. Hoje impera o volume alto, quanto mais barulho melhor, é facil de entender a razão dos jovens gritarem tanto….. estão ficando surdos.

  2. Linkowski comentou em 22/05/12 at 18:02

    Concordo com ele. Estes megashows de hoje são um embuste. Tenho amigos que costumam ir nisso. É o maior megashow de desrespeito. Paga-se caro por um ingresso. Tem que chegar cedo e passar horaaaaaaas intermináveis em fila. Antes de pegar fila, tem que pagar uma grana preta para o flanelinha não detonar o carro. Depois disso tudo geralmente os shows são uma porcaria. Música muita alta, artista egocentrico que mal cumprimenta a platéia. E por aí vai…

    Quem também é octogenário e dá show de lucidez, cultura e boa memória é o Rubem Fonseca. Vi um vídeo dele (coisa rara!) num evento de escritores em Portugal e foi soberbo. É maravilhoso presenciar tanta gente boa que já passou dos 80 ainda na ativa e desempenhando sua arte com talento. Ontem mesmo foi anunciada a premiação do Dalton Trevisan, outro octogenário. Ele vai receber o prêmio Camões.

  3. Roberto comentou em 22/05/12 at 15:56

    Concordo com Tony Bennett. Shows para tantas pessoas, som nas alturas, barulho, vestes espalhafatosas para chamar a atenção não me atraem. Prefiro shows intimistas, mais calmos onde podemos ouvir as músicas e curtir nossos idolos. Pena que já estão se indo…..

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