Rifles AK-47 viram joias de até R$ 300 mil
25/07/12 07:00Abotoaduras de ouro de um designer suíço e crianças-soldados da República Democrática do Congo poderiam ser dois assuntos distantes se não fosse pelo empreendedor social americano Peter Thum.
Ele é cofundador da organização Fonderie 47 (fundição, em francês), que desde novembro vem transformando rifles AK-47 em produtos de luxo de até R$ 300 mil para financiar a destruição das armas na África.
A estimativa de grupos internacionais como a Oxfam é que hoje existam mais de cem milhões de AK-47 no mundo, incluindo 20 milhões no continente africano, em zonas de conflito que custariam mais de US$ 18 bilhões por ano.
O nome do rifle tem um significado forte, lembra medo e intimidação, rebelião. Queríamos pegar esta carga negativa e transformá-la num objeto contra si mesma, numa ideia positiva”, disse Thum à Folha em um evento em Los Angeles sobre combate de redes ilícitas através de tecnologia, organizado pelo Google.
A ideia veio de suas viagens pela África há mais de uma década, quando ele começou a encontrar homens e garotos empunhando as armas ao redor dos projetos da Ethos Water, que ele criou para ajudar regiões sem acesso a água. Hoje, a Ethos faz parte da Starbucks.
Desde janeiro, com a venda de brincos, aneis e abotoaduras da Fonderie 47, já foram mais 16 mil armas destruídas, diz Thum. A missão é atingir 1 milhão nos próximos sete anos e continuar até que acabe a matéria-prima –ou seja, armas na África.
As peças são assinadas por designers internacionais, como o americano Philip Crangi e o suíço Roland Iten, que assina um par de abotoaduras que viram um bracelete de R$ 60 mil. Neste ano, a organização começou parcerias com uma fabricante suíça de relógios e com o joalheiro francês James de Givenchy.
Produzidos em número limitado, os objetos são feitos nos estúdios dos artistas com pedaços fundidos dos rifles confiscados pelo governo da República Democrática do Congo. Cada peça traz o número de fabricação da arma, além de materiais nobres, como ouro branco.
“Com o dinheiro das vendas e com doações que recebemos, ajudamos organizações que trabalham com programas de destruição de armas, que são recicladas localmente”, disse Thum, citando como exemplo o Mines Advisory Group, com sede no Reino Unido.
Thum (foto acima, de arquivo) usava um anel de ouro catalogado no site da Fonderie 47 por R$ 30 mil. Um destes anéis equivale a retirar 75 rifles de circulação na África, promete a organização. Os brincos de R$ 300 mil representam a destruição de 500 AK-47. As vendas são feitas diretamente com a companhia ou em eventos organizados.
“O preço das armas varia muito, então definimos um número específico de armas para cada peça”, disse Thum, sem dar detalhes sobre faturamento. “Nossa filosofia é se comprometer com o máximo possível, fazendo com que o negócio seja sustentável.”
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