Ativistas da maconha em Denver
06/11/12 10:00Estou em Denver, cidade do Colorado, para cobrir a possível legalização da maconha nos EUA. Outros dois Estados também tentam: Oregon e Washington.
Escolhemos Denver porque fica num Estado no qual a disputa entre Obama e Romney é acirrada (swing state). E os “maconheiros”, ou melhor, os ativistas da maconha, podem ser influentes nesta eleição.
Hoje conversei com alguns, como Kayvan Khalatbari, da foto acima.
Ele é americano, filho de iranianos e um dos donos de uma loja de “medical marijuana” chamada Denver Relief, uma das mais antigas da cidade (existe há quatro anos) e que atende dois mil clientes por mês (ou pacientes, como eles preferem chamar).
O Colorado possuiu cerca de 500 lojas do tipo (chamadas de “dispensaries), que renderam ao Estado em 2011 o equivalente em R$ 20 milhões em impostos. Se aprovado o referendo, as lojas atuais não precisarão pagar mais imposto, e os donos terão preferência e desconto para abrir estabelecimentos da droga para uso recreativo.
“Com a legalização, haverá uma produção em massa, a qualidade deve cair. Quero continuar com meu produto de qualidade”, disse Kayvan, que pretende esperar a reação do governo federal antes de entrar na nova empreitada.
Como muitos defensores da causa, ele votará para presidente no candidato “nanico” Gary Johnson, ex-republicano que apoia o fim da guerra às drogas. Há quem acredite que Johnson possa conseguir votos de protesto de quem normalmente votaria em Obama, fortalecendo Romney.
“Obama não cumpriu com sua palavra”, disse Kayvan sobre a promessa de campanha do presidente de não interferir nas leis estaduais de maconha medicinal.
Também acompanhei um pouco do trabalho de Betty Aldworth, de camiseta branca na foto acima, uma das diretoras da campanha do sim pela legalização da droga no Estado.
Fui encontrar com ela às 7h de segunda-feira — quem disse que os ativistas da maconha são devagar? Estava um frio do cão, três graus. E, mesmo assim, ela não parou de abanar o cartaz para os motoristas (observem a luva de neve!).
“Estamos cautelosamente otimistas”, ela disse. “Nosso desafio amanhã (terça) é comparecimento nas urnas, é fazer os jovens saírem de casa e votar.”
O referendo da Emenda 64 quer fazer da maconha uma droga controlada e taxada pelo Estado com regras parecidas com o álcool, vendida em lojas para maiores de 21 anos. O Colorado tem a regulamentação mais eficiente e pró-lucro entre os Estados que permitem maconha medicinal, ao contrário, por exemplo, da Califórnia, onde cada condado tem uma lei diferente e proíbe o lucro.
“Denver não será uma nova Amsterdã. As lojas serão como lojas de bebidas alcoólicas, e não coffee shops. Pelo menos no começo”, explica Betty, acrescentando que levaria ao menos um ano para ver estabelecimentos do tipo.