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Fernanda Ezabella

Hollywood e outras viagens

Perfil Fernanda Ezabella é correspondente da Folha em Los Angeles

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Meu papo com Ben Affleck

Por @ferezabella
21/11/12 07:00

Conversei com o ator e diretor Ben Affleck num hotel de Los Angeles sobre o filme “Argo”. O filme tinha acabado de passar em Toronto, com críticas bem boas, e ainda não tinha estreado nos EUA.

Hoje, “Argo” já acumula US$ 132 milhões em ingressos vendidos pelo mundo. Para o crítico Roger Ebert, o filme será o vencedor do Oscar em 2013.

Aqui tem um resumo do filme e da entrevista na Ilustrada

Pergunta – O que está achando deste zunzum sobre o Oscar?

Affleck – Estou obcecado em ter este filme lançado. Até agora ninguém pagou um centavo por ele. Até isto acontecer, não vou sentir que é um filme de verdade. Você sabe, os filmes precisam ser vistos, caso contrário qual a razão disto tudo? Você acaba com um DVD de plástico que custou 40 milhões de dólares

Vi “Argo” em Toronto, no mesmo dia em que mataram o embaixador americano da Líbia. O que passou pela sua cabeça vendo aquelas cenas da Líbia, tão parecidas com a de “Argo”, na hora da invasão da embaixada?

Eu vi as notícias com o mesmo alarme e pesar que todas as outras pessoas. Vi o filme tantas vezes que tinha esquecido disto, destas similaridades. Apenas quando voltei [de Toronto] e comecei a falar de novo sobre o filme que… bem… queria que o filme não fosse tão atual, de certa maneira. É triste, é trágico, ainda estamos no mesmo lugar. Toda a pesquisa que fiz olhando para filmes de 1979, as imagens poderiam ser literalmente o noticiário daquela noite. É triste em como é difícil fazer progresso.


Teme que o filme possa gerar alguma polêmica no Oriente Médio? Ainda mais agora com um filme gerando tanta violência (“Innocence of Muslims”)?

O Oriente Médio é um lugar bem complicado. A gente pensa o Oriente Médio como monolítico, mas é cheio de fraturas e divisões. Há muitos países onde o Irã é incrivelmente antipopular, principalmente países com maioria sunita, como Arabia Saudita, Jordânia. Em muitos, não será uma questão [exibir o filme]. Mas, claro, não vai passar no Irã. Não é um filme incendiário, controverso deliberadamente para polemizar. Apenas são fatos que aconteceram 30 anos atrás e que francamente ainda estamos lidando eles.

Qual o desafio de dirigir a si mesmo?

É engraçado porque é ótimo. Uma das coisas sobre atuar para outro diretor é construir confiança. Confiança de que escolhi aquela pessoa e foi uma boa escolha. E quando estou atuando no meu próprio filme, sei que eu farei o que é melhor editorialmente, não preciso me preocupar. Me dou um monte de ‘takes’, tento um monte de coisas diferentes, e confio que quando chegar lá na sala de montagem não me farei passar vergonha.

No cinema, até onde dá para ir além dos fatos reais em favor do entretenimento?

É uma linha fina. Você precisa ver qual é o verdadeiro núcleo da história. Ao contrário, é porcaria, você está mentindo para o público. Há tantos detalhes nesta história, do lado dos canadenses, do lado dos americanos, do lado internacional. Você tem uma minissérie de 12 horas! Então você tem que cometer esses pecados de omissão em ordem de fazer o filme. E também porque o mundo não funciona certinho na fórmula de três atos da estrutura de um roteiro de cinema. Você precisa meio que massagear para entrar nesta estrutura. Isto foi o que Chris Terrio fez de forma tão brilhante. E ele trabalhou com Joshuah Bearman que foi responsável por pesquisar toda a história, que escreveu para a “Wired”. Mas, como diretor, você tem que fazer um filme que seja bom, que seja entretenimento. Não é um documentário, é um filme de ficção baseado em eventos reais.

Houve alguma preocupação em fazer um filme onde os americanos salvam o dia mais uma vez, ainda mais numa história que ficou famosa por dar o status de heróis aos canadenses?

Será uma preocupação quando for para falar com público internacional, que está acostumado a ver ficções onde os americanos são heróis todos os anos e que usam pessoas de outras países para preencher espaços ou ser vilões. Tenho consciência disto, definitivamente. É difícil porque nesta história, ironicamente, era a parte dos americanos que era desconhecida, então estou tentando contrabalancear. Gosto do aspecto internacional de cooperação deste filme, é algo de bom. Diz algo forte em contraste com outros mitos propagados por histórias de americanos batendo a mão no peito e salvando o mundo.

Qual foi a dificuldade em colocar comédia neste  thriller tão intenso?

Tinha medo quando comecei porque você precisa do público preocupado com a vida destas pessoas se escondendo em Teerã. E depois vamos para Los Angeles e temos estas cenas leves, cômicas, e depois você volta para Teerã e acha que eles estão ok, que é uma comédia e que tudo ficará bem, não importa. No começo, achava que precisaria fazer algo na direção para fazer a ponte entre as histórias, mas no final percebi que eu precisava apenas eram de bons atores. Alan Arkin e John Goodman podiam dizer as coisas mais absurdas sobre Hollywood e é tudo tão real porque você acredita. Você acredita que estes caras são reais. E quando conseguimos isto, funcionou perfeitamente. Sempre disse que sacrificaria qualquer piada pela seriedade, pela realidade do filme. Se tiver problema, a gente tira. Mas não precisei tirar nada.

E como está se preparando para estas eleições?

Política é um negócio sujo, monopolizado por grandes. Quanto mais dinheiro você tem, mais poder você tem. É feio, não quero fazer parte disto. Mas vou votar no Obama.

Como paternidade mudou sua vida e seu trabalho? [ele tem três crianças]

Você sabe, estas coisas fazem você ficar mais maduro. Definitivamente espero que isto apareça de certa forma no filme.

[nesta hora, uma faxineira do hotel tenta entrar no quarto. Affleck se levanta, abre a porta e conversa em espanhol com a “chica”. Pede para ela voltar mais tarde.]

E como faz para não estragar as crianças? Dá pra fechar a Disney e dar uma festa?

Não acho que eles [Disney] fazem isto… Mas você tocou num ponto importante, estou numa posição muito diferente de quando cresci. E ninguém quer estragar seus filhos. Odeio a ideia de meus filhos crescendo sem entender o valor do dinheiro, de como a maioria das pessoas vive, da dificuldade que a maioria tem. Para ser honesto, minha mulher [Jennifer Garner] toma muito cuidado para que isto não aconteça. Ela é uma força tão forte na nossa vida…. Dia desses, pedimos sorvete para nossas filhas e uma delas pediu um sabor diferente. E ela [Jennifer] disse “não”,  “acho que Sarah vai querer morango apesar de ter dito outro sabor”. E eu falei: “Ué, a gente compra outro”. E ela: “Mas isto vai ser um desperdício de sorvete e dinheiro!” E eu pensei: “uau, minha mulher está fazendo o bem!”.

Você disse uma vez que teria dez crianças se ela concordasse.

Eu provavelmente teria, mas como você vê, ela é o chefe da família. Naturalmente é a mulher e seu corpo que decidem.

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Comentários

  1. Mirella comentou em 26/11/12 at 14:06

    Gostei bastante da entrevista e do filme!

  2. Andrea Odara comentou em 23/11/12 at 21:48

    Muito boa a entrevista!

    • @ferezabella comentou em 25/11/12 at 23:54

      🙂 obrigada!

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