Criador de "Desperate Housewives" volta com seriado sobre empregadas domésticas
26/06/13 10:00Poderia se chamar “Empregadas Desesperadas”. Ou o grande cliché das domésticas. Ou as patroas malignas. Ou…
Marc Cherry, criador da série “Desperate Housewives” (2004-2012), estreou no domingo um novo seriado na TV aberta americana, “Devious Maids”, algo como empregadas desleais em inglês. Em vez das casas suburbanas de Wisteria Lane, a história se passa nas mansões de Beverly Hills.
Eva Longoria, que fazia Gabrielle Solis em “DH”, a socialite mais sem noção das quatro amigas, é produtora-executiva da série, baseada numa novela mexicana e com atrizes poderosas do mundo hispânico: Ana Ortiz (“Ugly Betty”), Dania Ramírez (“Entourage”), Judy Reyes (“Scrubs”) e Roselyn Sánchez (“Without A Trace”).
Sou fã de “Desperate Housewives”, vi praticamente todas as temporadas. Principalmente quando me mudei para Los Angeles. Trazia um gostinho de novela brasileira. Mas “Devious Maids” é como se todas as patroas fossem como Gabrielle, insuportáveis.
A estrutura segue a mesma de “Desperate Housewives”. Até a música de abertura lembra a do seriado antigo, com um toque latino. Alguém morre no primeiro episódio e deixa um segredo: uma empregada que estava tendo (ou não) um caso com o patrão.
Ela tinha quatro amigas que trabalham em casas diferentes do bairro. Uma nova personagem (Ana Ortiz) surge em cena, uma latina sem sotaque (como bem repara a patroa), para tentar desvendar o mistério.
“Devious Maids” intercala momentos dramalhão mexicano (a clássica da patroa que não dá folga para a empregada ir ver o filho) e momentos cômicos constrangedores (patroa pro policial: “minha empregada acabou de morrer! quem vai limpar este sangue todo do meu sofá!”).
Curioso que a série chega no ápice do sucesso do programa inglês “Downton Abbey”, justamente sobre a relação entre os nobres e os empregados. Mas falta tanta sutileza a “Devious Maids” que a comparação é surreal.
Da parte das trabalhadoras, os clichês também transbordam. Tem a novata que se apaixona pelo filho mais novo gatinho da família, a interesseira que quer ser famosa como o chefe, a babá que cria o filho da rica e não consegue cuidar do seu próprio.
Algo para se entender ainda: como limpar uma poça de sangue com salto alto e um aspirador de pó. Mas isto é detalhe.
Os hispânicos em Los Angeles já começaram a reclamar. “Aposto que não teve uma latina neste país que não tenha pensado ‘ótimo, lá vamos nós de novo, mais uma personagem latina que é empregada”, disse Damarys Ocana, editora executiva da revista “Latina”, à ABC News.
Só que agora, em vez de uma personagem, é um seriado inteiro sobre elas.