Alguma coisa acontece no letreiro mais famoso do mundo: se você clicar e der um zoom na foto acima, dá para ver até um homenzinho.
As grandes letras estão passando por uma reforma, a maior em 35 anos e que consumirá mais de 200 galões de tinta. A operação começou na semana passada e deve durar de oito a dez semanas.
O letreiro foi construído nos anos 20 para promover venda de terrenos na região. Naquela época, dizia “Hollywoodland”. Ao longo dos anos, campanhas usaram as letras para promover suas causas, como quando a Califórnia descriminalizou o uso da maconha, nos anos 70.
Em 2013, o letreiro fará 90 anos.
Ao contrário do que a gente vê em certos filmes — “Rock of Ages: O Musical”, por exemplo — não dá para escalar ou “tocar” o letreiro. Há câmeras 24h e cercas mil. Dizem que o monumento é como as estrelas de cinema: só pode ver de longe.
A instituição responsável pelo letreiro tem mais fotos e histórias curiosas, como quando a letra “O” caiu ribanceira abaixo. Todas foram substituídas numa grande reforma em 1978.
É preciso um bom mapa para encontrar uma das joias de Joshua Tree, uma cidadezinha no deserto a 200 km de Los Angeles, famosa pelo parque nacional de mesmo nome.
O Museu a Céu Aberto (Outdoor Museum) fica fora do parque nacional e longe do centrinho, a uns 15 minutos de carro.
Não tem ninguém na porta para receber o visitante, apenas um gaveteiro com panfletos para explicar parte das gigantescas esculturas de ferro-velho espalhadas pelo terreno de dez acres no deserto do Mojave.
Dá para entrar em algumas obras, mas é bom ficar atento com cactos e cobras. Algumas instalações lembram miniaturas de cidades ou mesmo palácios, ainda que feitos com tampas de privada ou aspiradores, decorados com guarda-chuvas quebrados ou bicicletas de ponta-cabeça.
por fora
por dentro
As obras foram criadas por Noah Purifoy, um artista que nasceu no Alabama, em 1917, e passou seus últimos 15 anos de vida dedicado às esculturas em Joshua Tree. Morreu em 2004.
Em Los Angeles, nos anos 60, Noah Purifoy ficou conhecido por fundar um centro para preservar a Watts Towers, estruturas feitas de ferro-velho ao longo de mais de 30 anos por um imigrante italiano chamado Simon Rodia. Hoje, o local é um dos cartões-postais de Los Angeles.
Quem é fã da banda U2 já ouviu falar em Joshua Tree, um parque nacional no deserto do Mojave, na Califórnia, cujo nome e paisagens foram usados para o álbum da banda de 1987.
A cidade fica a duas horas de carro de Los Angeles e vale a pena para passar uma noite e ou até mesmo a semana inteira, no caso de fazer trilhas e passeios pelo parque.
Os hotéis ficam na beira da estrada, como este da foto abaixo, o Joshua Tree In, onde Gram Parsons morreu de overdose em 1973 (quarto 8). Há um pequeno memorial para ele no quintal.
Na mesma estrada que faz o centrinho de Joshua Tree, há alguns poucos cafés e restaurantes descolados. O melhor bar, no entanto, é o Pappy & Harriet’s, na cidade vizinha de Pioneertown, uns 10 minutos de carro.
É um espaço grande com bandas ao vivo, ao lado de uma “ghost town” (cidade fantasma). A cidade foi fundada nos anos 40 por um grupo de investidores de Hollywood que queria criar um set de filmagem para produções de faroeste, com gente de verdade vivendo ali.
foto de 2006
Mais de 50 filmes e seriados foram rodados aqui entre os anos 40 e 50. Hoje, o lugar está meio abandonado, mas pessoas ainda moram por lá e há lojinhas de souvenir e artesanato.
Quando visitei em 2006, havia um boliche funcionando. Quando voltei faz alguns meses, estava fechado.
foto de 2012: casa à venda. vai?
A estrada de Los Angeles para Joshua Tree é bem bacana. Fiz o vídeo abaixo para mostrar as “fazendas de vento”, com as turbinas que transformam vento em eletricidade.
Aos brasileiros saudosos da terrinha, tem show de Gilberto Gil na terça-feira (23), em Los Angeles.
Aos turistas, também vale a pena. A apresentação será no Walt Disney Concert Hall, um dos cartões postais da cidade, com arquitetura absurda de Frank Gehry.
Aconteceu no final de semana passado, no Rio de Janeiro, o primeiro Brasileirão de Roller Derby, com a participação de 11 times espalhados por todo o Brasil, de Manaus a Vila Velha.
Tudo foi organizado pela liga do Rio, Sugar Loathe Derby Girls, num colégio em Jacarepaguá.
Além de muito treino, rolaram também jogos entre os times. Pela primeira vez, as duas ligas de São Paulo se enfrentaram: a Gray City Rebels x Ladies of Hell Town.
A “jammer” Wasp (de preto, das Rebels) pula uma Lady do lado direito da foto (tirada do Facebook das Sugars).
Mais importante foram os três dias de clínica de arbitragem com Sugar Daddy, árbitro da liga americana Philly Roller Girls, que veio ensinar aos brasileiros a difícil arte de apitar um jogo de derby.
Eu não pude jogar porque ainda me recupero de uma lesão (quebrei o tornozelo em julho), mas fui técnica convidada de um time (escondida na foto abaixo), ajudei os árbitros como NSO (posição sem patins que ajuda na contagem do placar e faltas) e fui locutora de dois jogos.
Incrível que o esporte existe no Brasil faz apenas um pouco mais de dois anos. Para quem tiver interesse em patinar ou ser árbitro, esta é melhor hora para entrar na dança.
O que seria da música sem suas imagens marcantes? A exposição “Who Shot Rock and Roll” (“quem fotografou o rock’n’roll” mas também uma brincadeira com “quem atirou no rock’n’roll”) reconta a história do fenõmeno com fotografias registradas pelos cem profissionais mais influentes da indústria.
“Ser fotógrafo é como ter um passaporte para entrar na vida das pessoas”, diz Henry Diltz, um dos participantes, entrevistado para o documentário feito especialmente para a retrospectiva.
Diltz, hoje com 74 anos, clicou o festival Woodstock e ficou conhecido pelas cenas de bastidores do grupo The Doors, incluindo a capa do álbum “Morrison Hotel” (1970).
Há também imagens feitas por Linda McCartney (1941-1998), a primeira mulher de Paul, e de Bob Gruen, 67, fotógrafo pessoal de John Lennon e Yoko Ono (foto acima) após eles se mudarem para a cidade de Nova York, em 1971.
Publicado originalmente na coluna Notícias de L.Á., da revista Serafina
A pedidos, segue aqui o roteiro que fiz no começo do mês, atrás dos passos de Steve Jobs. Dá para fazer tranquilamente em dois dias, alugando um carro no aeroporto de San Francisco.
Mansão de Steve Jobs (2101 Waverley Street, Palo Alto)
Árvores carregadas de maçãs (além de olhares de curiosos) entregam o endereço onde o cofundador da Apple morou por 20 anos e morreu cercado de seus familiares, em 5/10/2011. Na esquina, um segurança observa tudo 24h.
Garagem da HP (367 Addison Avenue, Palo Alto)
Berço do Vale do Silício, onde Bill Hewlett e Dave Packard deram início a sua parceria, em 1939, incentivados por um professor de Stanford que os aconselhou a montar a própria empresa em vez de ir trabalhar para firmas da Costa Leste. Mesmo bairro da mansão de Jobs.
Jobs era frequentador assíduo deste supermercado no centrinho da cidade, onde costumava parar seu carro sem placa nas vagas de deficientes e reclamar da demora na preparação de seus “smoothies” (sucos).
St Michael’s Alley – Anexo (806 Emerson Street, Palo Alto)
Após conhecer Laurene Powell numa palestra em Stanford, Jobs a convida para jantar neste restaurante, em 1989. Dois anos depois, eles se casariam. Hoje, o local só funciona para brunch aos finais de semana e festas particulares.
St Michael’s Alley – Novo (140 Homer Avenue)
A nova filialabriu em 2009 para almoço e janta, a uma quadra de distância do original, passando pelo Whole Foods. Segue sendo frequentada pela mulher de Jobs e tem pratos para vegans.
Il Fornaio (520 Cowper Street, Palo Alto)
Onde a nata do Vale se encontra para fechar negócios. Antes de virar CEO, Jobs sentava na mesa 12, bem na entrada. Depois, se escondia nos fundos, na mesa 57, e pedia copos gigantes de sucos de laranja.
Garagem da Apple (2066 Crist Dr, Los Altos)
Os dois Steves (Jobs e Wozniak) começaram nesta casa, onde os pais de Jobs moravam, a montar as primeiras unidades do Apple 1, com ajuda de amigos do bairro, em 1976
Sede da Apple, com lojinha (1 Infinite Loop, Cupertino)
Não tem muito o que ver, mas fica perto da Garagem da Apple e tem uma loja com souvernires como camisetas, garrafas de água e e inúmeros acessórios para iPhone e iPad. Não vende celulares.
Computer History Museum (1401 N Shoreline Boulevard, Mountain View)
Um dos melhores do mundo para contar a história da computação e entender a importância de Steve Jobs. Estão lá o Apple 1, o iPod original e até mesmo o pré-tablet Newton, que Jobs mandou descontinuar ao voltar para a Apple em 1996.
Stanford University – em Palo Alto
Jobs nunca se formou em faculdade, mas fez um dos discursos para formandos mais famosos da história aqui, em 2005, quando terminou sua fala de 14 minutos com “Stay Hungry, stay foolish” (continue faminto, continue louco). Na foto, livraria dentro da universidade.
É tentador pular a pequena cerca da casa de tijolos na esquina das ruas Waverley e Santa Rita, na pacata Palo Alto, atrás das dezenas de maçãs caídas no chão. Mas um segurança observa à espreita, num carro de vidros escuros, afugentando os que demoram na calçada admirando as árvores carregadas.
Não é qualquer pomar. O local foi residência de Steve Jobs por 20 anos e, desde a morte dele, em 5 de outubro de 2011, é ponto de romaria dos aficionados pela outra maçã, a Apple.
“Infelizmente, vem muita gente”, comenta o segurança, pedindo para tirar o “mínimo de fotos possível”. Ele larga a reportagem da Folha para abordar um casal recém-chegado com câmera digital.
“É uma casa interessante, parece de filme, com muito espaço, coisa que não se vê muito por aqui”, disse Tara Sheehan, 53. Ela veio de Nova York visitar o irmão que mora no mesmo bairro e trabalha há 20 anos na Apple. Ele completa: “Jobs sempre caminhava com seus filhos, muitas vezes descalço”.
Por ter sido o morador mais ilustre da cidade de 60 mil habitantes e ser conhecido pelos hábitos peculiares, parece que todos em Palo Alto (a 50 km de San Francisco) têm histórias sobre ele para contar, muitas vezes negativas.
“Ele era um terror, ficávamos aliviados quando ia embora”, disse um garçom que pediu para não ter o nome revelado, do restaurante Saint Michael’s Alley (foto acima). “Ele pode ter feito muito bem para o mundo, feito todo aquele dinheiro, mas aqui nunca mostrou generosidade. Muito menos nas gorjetas.” O local foi o cenário do primeiro encontro romântico de Jobs com Laurene Powell, em 1989 -eles se casariam dois anos depois.
Originalmente frequentado por beatniks, o café ajudou a lançar a banda Grateful Dead. Hoje, funciona para “brunch” nos finais de semana, quando é possível ver Tim Cook na fila, e para festas particulares.
“Depois que ficou doente, ele continuou vindo aqui, mas deixou o veganismo, que era difícil de atender, e passou a pedir panquecas. Antes, só comia vegetais”, disse à Folha Michael Sabina, que comprou o Saint Michael’s Alley em 1993, pouco depois de fechar uma start-up.
Poderosos do Vale do Silício também batem cartão no italiano Il Fornaio (foto acima). A garçonete Judith Priestly, 72, lembra que Jobs chegava nos horários tumultuados e passava voando de patins até sua mesa favorita. “Ele gostava muito do nosso suco de laranja, mas tinha que ser tamanho extra extra grande”, diz.
APPLE 1
Outra parada obrigatória no tour Steve Jobs é na cidade vizinha Los Altos, menos de 20 minutos de carro, na casa onde morou com seus pais e onde montou as primeiras unidades do computador Apple 1 com o amigo Steve Wozniak, em 1976. Na calçada da casa, uma placa pede para que visitantes tirem fotografias apenas à distância.
O lugar mais educativo é o museu de tecnologia de Mountain View, a dez minutos de carro de Los Altos ou 15 minutos de Cupertino, cidade sede da Apple. Estão lá expostos o Apple 1, autografado por Wozniak, um computador da NeXT e também um iPod original, que completou dez anos em 2011.
Texto publicado originalmente no caderno TEC, da Folha
Hollywood já está decorada para o Halloween (31/10), quando gente de todas as idades sai às ruas fantasiada, desfilando pela Calçada da Fama ou pedindo doces de porta em porta.
Assim como no Carnaval brasileiro, fantasias de políticos também fazem sucesso por aqui, principalmente em época de eleição presidencial.
Steven Silverstein, da maior loja de fantasias dos EUA, a Spirit Halloween, afirma que as vendas das máscaras são um termômetro “preciso, divertido e consistente” para saber quem vai ganhar as eleições.
Segundo ele, nas últimas quatro vezes, quem vendeu mais levou a presidência. Este ano, Obama lidera com 69% das vendas.
Originalmente publicado em Notícias de L.Á., da Serafina
Mr. Sippee, um restaurante pé sujo no centrão de Los Angeles, não consta nos guias de turismo, mas é para lá que a protagonista do romance “Spook Country”, de William Gibson, vai para bater uma xepa.
“Ninguém mexe com você no Mr. Sippee”, diz o autor sobre o lugar, frequentado por sem-teto, prostitutas e artistas. A lanchonete Philippe’s, em Chinatown, também é ponto de encontro de figuras da ficção –no caso, de Michael Connelly, em obras como “Cidade dos Ossos” e “Echo Park”.
Para saber aonde vão ou o que fazem personagens literários há o SmallDemons.com, ainda em fase de testes e já com mais de 7.000 livros catalogados.
O portal foi idealizado por dois executivos com passagens pelo Yahoo! e pelo MySpace, e que hoje têm acordos com quatro das seis maiores editoras do país.
“Somos obcecados por mapear referências culturais que encontramos nos livros”, disse à Folha o cofundador Valla Vakili, que tirou o nome do site de uma passagem de um conto de Jorge Luis Borges.
Ele conta que a ideia veio ao ler “Total Chaos”, de Jean-Claude Izzo, que se passa em Marselha.
“Vi que tinha interesses em comum com o protagonista. Acabei indo para Marselha e passei uma semana bebendo os mesmos vinhos e ouvindo a mesma música que ele”, disse Vakili. “Percebi que muitas das coisas que valem a pena ser descobertas estão no mundo dos livros. Por isso, elas merecem ser reunidas num lugar só.”
Originalmente publicado em Diário de Los Angeles, da Ilustríssima