As últimas semanas foram intensas no quesito tecnológico. Não deu para manter o blog atualizado com tantas novidades e correria, mas tentarei fazer agora.
Para quem perdeu, na segunda-feira saiu no caderno TEC, da Folha, minha cobertura do Google I/O, uma conferência de três dias para desenvolvedores de aplicativos, em San Francisco. Tem um resumo do evento aqui
Além de cobrir os principais lançamentos e ganhar um monte de jabá (mais sobre isso amanhã), visitei a sede do Google em Mountain View e também a sede do YouTube em San Bruno, cidades do Vale do Silício.
As fotos deste post são minhas, do escritório do YouTube, bem menor que o Googleplex do Google, sua empresa-mãe. Tem um texto meu sobre os tours aqui.
Na visita ao YouTube, alguns engenheiros vieram conversar com a gente (um pequeno grupo de jornalistas estrangeiros), uma coisa rara para empresas de tecnologia. Mas, claro, são executivos tão bem treinados que ninguém deixa escapar nada de novo, de diferente.
O passeio no YouTube foi mais tranquilo do que no Google. Deu para ver pessoas trabalhando, testar a cápsula de soneca, andar de patinete e tal. No Google, é tudo meio para gringo ver. Há placas proibindo a entrada de não-funcionários em várias áreas, e um rapaz nos guiou nas partes mais “fotografáveis”.
Esculturas na frente do prédio Android, na sede do Google, em Mountain View (CA), na tarde de ontem.
O Jelly Bean (“jujuba”), a versão 4.1 do Android, é o trabalho mais recente do jardim, chegou ontem.
Isto porque hoje o Google vai anunciar as novidades do Jelly Bean, na abertura do Google I/O, uma conferência para desenvolvedores, que acontece em San Francisco, até sexta-feira.
A empresa costuma dar nomes de doces para as atualizações de seu sistema móvel Android, como Cupcake, Donut e Eclair (lançadas em 2009), Gingerbread (2010) e Honeycomb (2011). A mais recente, lançada em outubro, se chama Ice Cream Sandwich.
Semana passada, conversei com o criador de “True Blood”, Alan Ball, que deixa a série após a quinta e atual temporada. Ele conversou comigo e outros cinco jornalistas estrangeiros numa sala dos estúdios da HBO, em Los Angeles.
Alan Ball, criador da série “True Blood”, está no set de filmagens, dentro do restaurante Merlotte’s, onde a protagonista Sookie Stackhouse (Anna Paquin) trabalha de garçonete. Ele abre a geladeira repleta de cervejas e anuncia aos visitantes: “Hoje não tem Tru Blood”, diz, sobre a bebida feita de sangue sintético tomada pelos vampiros do seriado.
A quinta temporada de “True Blood”, que estreou no Brasil neste mês, traz novos personagens e uma trama apimentada por questões políticas e religiosas. Será a última de Ball como produtor-executivo, após montar o seriado em 2008 baseado nos livros de Charlaine Harris. Uma foto dos dois juntos, abraçados, está grudada no balcão do bar do Merlotte’s .
“Estou à beira de enlouquecer, saio pela minha saúde mental. Vou tirar férias, recarregar as baterias, pensar no que quero fazer”, disse Ball. Continua…
Leia os principais trechos da entrevista:
Pergunta – Como fazer para manter o frescor da série depois de cinco anos?
BALL – Sou muito sortudo de trabalhar com cinco escritores realmente espertos e cheios de ideias. Não sou eu apenas. E, entre nós seis, acho que é muito mais fácil do que se fosse apenas uma pessoa.
Pergunta – Como vai ser na próxima temporada? Você irá se afastar totalmente?
BALL – Vou dar palpites nos roteiros e cortes finais, mas estarei no banco de atrás. Mark Hudis, outro escritor e produtor, vai liderar o seriado. Temos quase os mesmos roteiristas do começo, e o seriado praticamente anda sozinho. Todo mundo conhece a série muito bem, conhece os atores, os produtores, sabe o que é preciso ser feito. Vou sair porque estou à beira de enlouquecer. Não quero fazer isto comigo, não quero ser hospitalizado.
Pergunta – Por que enlouquecendo?
BALL – É um trabalho tremendo. Ficamos em produção durante oito meses e em pré-produção outros dois. É como fazer um filme por dez meses. E, nestes dois meses do ano que sobram, você já começa a pensar em novas ideias. Não sou mais jovem. Já fiz seis anos de “A Sete Palmos”, dirigi um filme e escrevi uma peça produzida em Nova York e fui direto fazer “True Blood”. É como se não tivesse tido férias em 12, 13 anos. Então, pela minha saúde mental, eu saio. Vai ser bom para o seriado também, ter uma nova e fresca perspectiva. Algumas coisas que os roteiristas sempre quiseram fazer e eu sempre vetei quem sabe agora eles podem fazer [risadas].
Pergunta – E como fica “Banshee” [novo seriado que estreia em 2013]?
BALL – A maior parte do trabalho que tinha em “Banshee” já está feito. Ajudei a desenvolver o conceito e trabalhei com roteiristas. Agora está em produção e tem um produtor-executivo próprio. Estão fazendo um ótimo trabalho. Vi o primeiro episódio e está bem além do que esperava. Meu papel era apenas na gênesis e não no dia-a-dia. Agora vou apenas tirar uns dias de férias e relaxar. Recarregar as baterias e pensar no que eu quero fazer.
Pergunta – Planeja algo especial para a temporada de despedida?
Não, fiz o que tinha que ser feito, negócio normal. Tenho um discurso pronto para a festa de final de temporada para agradecer por tudo. “True Blood” vai continuar a ser “True Blood”. Eu não sou “True Blood”. Só porque eu sou o rosto de “True Blood” muitas pessoas acham que tudo vem de mim e não é o caso. É uma grande colaboração. Muitos dos melhores momentos da série não vieram de mim, sou o primeiro a admitir. Mas eu moro a 15 minutos daqui. Virei visitar o set. Não é que estou sumindo de vez.
Pergunta – O que podemos esperar para esta temporada?
BALL – Política e religião. Podem esperar duas novas criaturas meio sobrenaturais, uma delas pode ser divina. Há uma grande revelação sobre o passado da família de Sookie e Jason, além de outras atrações românticas inesperadas. Muitos sustos. E uma cena de sexo fantástica, talvez a melhor que já fizemos.
Pergunta – Entre quem?
Não vou dizer. Entre duas pessoas bem atraentes [risadas].
Christopher Meloni, no meio
Pergunta – Quem é o personagem de Christopher Meloni, Roman?
Ele é o guardião, líder do Authority, uma espécie de religião barra grupo político. Como a Igreja Católica Romana e a Suprema Corte. Foram eles quem investiram no desenvolvimento da bebida Tru Blood ou tomaram a decisão de se integrar na sociedade. Roman tem sido o guardião por pelo menos 400 anos. Ele acredita na coexistência entre vampiros e humanos. Há outra facção na comunidade de vampiros [os Sanguinistas], dentro da Authority, que acredita que vampiros deveriam tomar o topo da cadeia alimentar, como escrito na bíblia dos vampiros. Acreditam que os humanos deveriam ser comida e nada mais. Deveriam ser criados em fazenda. Acham que qualquer envolvimento entre vampiros e humanos é uma bestialidade. Então Roman é o cara que a gente quer que ganhe. Caso contrário, as coisas vão ficar feias para os humanos.
Pergunta – Houve inspiração em políticos de verdade para criar Roman?
Claro. Eu estava acompanhando as primárias dos republicanos e vendo que havia pessoas que realmente queriam que os EUA fossem de verdade uma teocracia. É muito difícil não ouvir isto e não pensar: “ok, eu realmente espero que alguém sensato ganhe porque essas pessoas são loucas”. Na minha cabeça, Roman é o sensato, e os Sanguinistas os doidos.
Pergunta – Como a gravidez de Ann Paquin impacta as filmagens? [Ela é casada desde 2010 com o ator Stephen Moyer, que faz o vampiro Bill Compton]
BALL – Sua personagem não está grávida. No episódio oito, a figurista Audrey Fisher veio me dizer que Sooki [Paquin] não poderia mais usar o uniforme do Merlotte’s [restaurante que ela trabalha de garçonete]. E eu disse: “Não é problema, ela nunca trabalha mesmo”. [Risadas]. De fato, Sookie está sempre perseguindo alguma coisa e quase morrendo. A quarta temporada acabou no Halloween, então a quinta começa em novembro, as pessoas estão usando casacos e tal. Há algumas estratégias na hora de filmar e também contratamos uma dublê de corpo.
Pergunta – Qual o limite para filmar cenas de sexo na TV?
BALL – Fiz um filme chamado “Twelhead”, sobre uma garota que é molestada. Alguém me perguntou qual era a diferença entre pornografia e arte. Bem, pornografia é sobre partes do corpo, e arte é sobre almas. Nunca vamos mostrar cenas de nu frontal em “True Blood”. Nunca vou pedir isto. Mas acho que sexo é muito parte do seriado. É uma série sobre o lado primitivo da psique humana do qual surgem monstros e desejos. Sempre quis que as cenas de sexo fossem feitas baseadas em algo emocional entre os personagens, mesmo no caso de Jason, que faz sexo para evitar seus sentimentos. Não é apenas para mostrar gente pelada, há pornografia para isto. Mas sempre tentei evitar essa coisa recatada que é o sexo na TV americana ou filmes, tão idealizado e ridículo. Em outras culturas, sexo parece mais natural e real. Claro, é ridículo e exagerado quando alguém morde alguém, mas, pela maior parte do tempo, a gente tenta ser ser realista. Temos sorte porque os atores não têm problemas de explorar isto. É preciso dizer, a maioria não é americana. E acho que eles deram o tom logo no início porque não estavam nervosos.
Pergunta – Tara (Rutina Wesley) era a personagem que mais odiava vampiros. Como vai ser agora que ela é um deles? Ela vai aceitar ou vai ser um conflito durante a série toda?
Vai ser um conflito. Cedo ou tarde, ela vai perceber que há coisas boas. Tem uma cena mais no final da temporada que alguém diz pra ela: “Nenhum humano poderá te machucar. Nunca mais”. E ela tem esse olhar de: “Uau, nunca pensei sobre isso”.
As experiências tumultuadas dos escritores F. Scott Fitzgerald (1896-1940) e Dorothy Parker (1893-1967) com os estúdios durante suas passagens por Hollywood, na primeira metade do século passado, serão tema de um jantar-evento em 23 de julho, no histórico restaurante Musso & Frank.
Por US$ 100 (cerca de R$ 200), o participante terá direito a uma refeição de quatro pratos. Dois especialistas na história literária de Los Angeles falarão sobre as dificuldades e recompensas que autores de prestígio, como Fitzgerald e Parker, tinham ao trabalhar no lucrativo negócio do cinema, sofrendo com a ideia de que estavam comprometendo seus talentos.
Enquanto Fitzgerald tinha fama de não conseguir transportar sua prosa elaborada para as telas, Parker foi indicada duas vezes ao Oscar, pelos roteiros de “Nasce uma Estrela” (1937) e “Smash-Up: The Story of a Woman”(1947). Sua carreira cinematográfica, no entanto, foi abreviada ao entrar na lista negra dos anticomunistas.
Fitzgerald é autor de “Great Gatsby”, que virou um novo filme dirigido por Baz Luhrmann e estrelado por Leonardo DiCaprio. O trailer abaixo é bem recente.
Minha entrevista com Woody Allen saiu hoje na Ilustrada, da Folha de S. Paulo.
Ele fala sobre a comédia “Para Roma com Amor”, que estreia hoje no Brasil.
Gosto muito do seu trabalho, mas é preciso dizer que não consigo lembrar de ter visto um filme seu tão chato como este novo.
Há alguns momentos legais, uma ou duas sacadas geniais, mas que são repetidas à exaustão, no meio de um bando de clichés sobre Itália e relacionamentos. É como se ele tivesse se perdido em Roma em vários sentidos.
Talvez depois do estupendo “Meia-Noite em Paris”, fui esperando demais de sua aventura em Roma.
Sobre Roma – “É muito estranho e exótico para mim […] Não é uma cidade coerente, você está andando e dá de cara com um muro, não tem para onde ir, tem que dar a volta. É uma cidade artística, muito diferente […] Não poderia viver na Itália. É muito ensolarado. Viveria mais facilmente em Paris ou Londres. Nova York, certamente.”
“Com Roberto Benigni, fiquei surpreso. Achei que não seria capaz de acalmá-lo, que ele seria maluco, mas nada. É calmo, charmoso, intelectual. Uma ótima experiência, não esperava isso.”
Uma confraria de jovens bigodudos e barbados organiza, no próximo dia 24 de junho, a segunda edição da competição de barba e bigode da cidade, com categorias como “estilo livre”, “executivo” e “natural”.
A festa será no teatro Belasco, com cem competidores e público esperado de mil pessoas. Haverá música ao vivo, vendedores de parafernália de barbearia e “food trucks” (restaurantes móveis instalados em caminhões).
Os ingressos variam de US$ 15 (plateia) a US$ 25 (competidores).
“Temos de 30 a 40 frequentadores assíduos em nossos encontros e competições. Fizemos bonito na Noruega e neste ano vamos competir na Alemanha”, diz John Myatt (foto acima), presidente do Los Angeles Beard and Mustache Club, criado em 2010 (labeardcomp.com).
Na semana passada, fizemos uma viagem de carro entre Los Angeles e Joshua Tree, três horas de distância. No meio do caminho, topamos com um parque dos dinossauros e paramos de curiosidade.
O lugar se chama “World’s Biggest Dinosaurs” — os maiores dinossauros do mundo — e o nome não poderia estar mais longe da verdade.
São esculturas de tamanhos diversos, algumas feitas há 30 anos. Fica na beira da Highway 10, na cidade de Cabazon, onde há um grande outlet chamado Desert Hills Premium.
Há uns “dinossauros robôs”, que mexem a cabeça ou fazem barulho. É quase filme de terror, parecem estar todos enferrujados…
Curioso mesmo é o dinossauro da foto abaixo, que na verdade é uma loja de souvernir. No da foto acima, dá pra subir por dentro e ver a vista lá de cima da boca do bicho.
Mas, no fundo, o parque é uma fachada para um grupo de cristãos radicais que, com mensagens pouco sutis (abaixo), tentam enfiar na cabeça do visitante que a teoria da evolução é uma balela, que dinossauros e humanos são todos criações de deus.
Tanto que, vejam só, homens e dinossauros estão lado a lado.
Caine Monroy tem nove anos e já é dono de uma loja de fliperama. Ele mesmo construiu suas cinco “máquinas”. Todas são de papelão e funcionam manualmente, ou seja, só com as mãos, sem eletricidade.
O fliperama fica na loja de peças de carros do pai de Caine, no centro de Los Angeles. O menino resolveu fazer os jogos com as caixas descartadas.
O problema é que ninguém aparecia para brincar. Até que… (continua aqui)
Conversei com Charlize Theron há mais de um mês para o lançamento de “Prometheus”, que estreia amanhã no Brasil. Ela contou sobre o processo obsessivo para entrar na personagem, do tema misterioso do filme e que acredita sim em “forças extraterrestres”.
“É muito ingênuo ou narcisístico pensar que somos as únicas coisas vivas no universo”, disse.
O longa-metragem é a volta do diretor britânico Ridley Scott ao gênero que o deixou famoso, a ficção científica, após os sucessos de “Blade Runner – O Caçador de Andróides”(1982) e “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979).
Theron faz uma mulher ambiciosa que lidera uma expedição espacial em busca de vestígios da origem da humanidade. A bordo da nave Prometheus, estão os personagens de Noomi Rapace e Michael Fassbender.
“A pergunta principal do filme é: da onde nós viemos? Quem nos fez, qual o sentido de tudo isto? E se você fosse conhecer seu criador ou Deus e ele fosse uma decepção total?”, disse a atriz.
A preparação para seu personagem, ela conta, foi muito mais cerebral do que físico.
“A FORMA MAIS PODEROSA DE ENSAIO”
“Lembro de sentar com Ridley e Michael, às vezes Noomi participava. Ficávamos lá por oito horas direto conversando, às vezes esquecíamos de almoçar porque estávamos tão imersos em debates sobre aquele mundo, aquelas pessoas do filme. Nós três não parávamos nunca. Nossas assistentes vinham e nos arrastavam da sala. Mas daí, do carro, a gente se mandava mensagens do celular: “Esqueci de dizer isto!”. Foi intenso. Às vezes, para mim, esta é a mais poderosa forma de ensaio.”
“A MINA DO DINHEIRO”
“Eu faço uma mulher que lidera a missão, uma burocrata, a executiva do dinheiro. Ela é a única personagem que não é uma crente, nem uma cientista. Você vê que ela tem alguma coisa por trás, é bem fria. Está lá para fazer a vida de todos um inferno. Você começa a perceber que ela está lá usando todo mundo.”
Charlize disse que ela, Noomi e Michael tomaram a “decisão consciente” de não assistirem novamente a “Alien”.
“Mas sou fã do filme. Como você pode ser uma garota nesta indústria e não vibrar com aquele personagem [Ripley, feito por Sigourney Weaver]. Foi a primeira vez que vi uma mulher assim, tão real, tão tangível. Eu fiquei maravilhada.”
Maravilhada ela também ficou com o figurino: “Uso um terno começo do filme que é insano. A roupa é uma mistura de militar com executiva de Wall Street. É uma obra de arte. Até minha postura mudava quando eu vestia aquilo”.