Silêncio na pista de dança. O globo de luz brilha nos mais de cem convidados numa boate de Los Angeles, todos sentados em fileiras de cadeiras brancas.
O escritor Chiwan Choi está no palco, ao microfone, com um copo de uísque na mão. Ele limpa a garganta e começa sua apresentação: por sete minutos, lê um trecho de seu novo romance.
Seu criador e apresentador, Todd Zuniga (foto acima), observa a performance segurando uma bazuca de brinquedo. Quando algum autor ultrapassa os sete minutos estipulados, é atingido por um dardo de papel.
“Hollywood Hills, sofá de couro… Ok, Chiwan, nós já entendemos, você é um poeta rico”, ironiza um dos jurados.
Outros três escritores sobem ao palco e disputam os elogios do júri. O vencedor será determinado entre dois finalistas com brincadeiras improvisadas, como um boliche de livros com ovos de chocolate (era época da Páscoa), incluindo o difícil de derrubar “Liberdade” e o levinho “A Metamorfose”.
O vencedor da noite é DC Pierson (foto abaixo), um cabeludo loiro com pinta de hippie, que havia lido seus poemas em forma de rap.
O Literary Death Match já passou por Paris, Nova York e Pequim. Neste ano, tornou-se um evento mensal em Los Angeles, após Zuniga se mudar de Paris para cá.
“É um sonho fazer no Brasil, mas ainda não achei os organizadores certos”, afirma Zuniga. “Outro sonho seria ter Vik Muniz entre os jurados. É meu artista favorito.”
Ator no Egyptian Theater, na quarta-feira, durante abertura do Hollywood Brazilian Film Festival. Foto: minha
Os cabelos grisalhos quase sumiram por completo.
O ator Reynaldo Gianecchini apareceu no tapete vermelho de um festival de cinema brasileiro em Los Angeles, na quarta-feira, e contou que andou fazendo uns experimentos na cabeleira, que voltou a crescer grisalha após seu tratamento contra um câncer.
“Está meio cinza, na verdade, não é?”, ele disse à Folha. “Eu andei viajando e aí, nossa, andei brincando de passar xampus, colorir. Tá meio uma misturinha.”
Sobre a saúde, o ator disse que está “ótima”.
“Estou zerado. Ainda tenho que tomar um pouquinho de cuidado porque não tenho os anticorpos todos, sou como uma criança, tenho que tomar as vacinas”, disse, abrindo um grande sorriso.
“Estou levando uma vida muito saudável […], com uma alimentação perfeita, voltei a fazer exercícios.”
No próximo mês, ele começa a filmar a novela da Globo “Guerra dos Sexos”, remake dos anos 80. Ele será o personagem Nando, que foi de Mario Gomes (vídeo abaixo).
“Vai ser legal voltar a fazer televisão com um personagem tão alto astral. Eu diria que ele é meio erradinho, não sabe que é um gostoso, que todo mundo quer dar pra ele. Ele se acha um errado na vida”, disse.
Em julho, vai fazer um ano que Gianecchini foi diagnosticado com linfoma.
O ator disse que a batalha contra o câncer “mexeu muito, foi uma mudança radical, lá na base mesmo”. E agora tem pensado bastante em seus próximos projetos.
“Não me interesso muito em fazer um filme para agradar cinco pessoas. Não quero fazer uma coisa fechada para a agradar crítico. Quero comunicação, quero falar com pessoas através do meu trabalho, seja na TV, que eu não tenho nenhum preconceito, ou no teatro”, falou.
Mas ainda não há nenhum projeto fechado para o cinema, apesar da vontade.
“Estou muito afins. Cinema é o que eu menos fiz […] Acho que não fiz ainda o trabalho que eu gostaria, mais expressivo no cinema, um personagem de maior pegada, mais vertical”, disse.
cena de "Sexo com Amor?", filme de 2008
“Tenho orgulho dos meus trabalhos no cinema, mas ainda quero ver como vai caminhar o cinema pra mim.”
Ele disse que já veio várias vezes a Los Angeles e que “ama a cidade”.
“A qualidade de vida aqui é maravilhosa, está sempre ensolarado, um clima delicioso e seco, você não sua. E tem muita coisa boa para quem tem preocupação com alimentação. Estou enlouquecido agora, quero levar todas as lojas para o Brasil.”
Índias do Alto Xingu, o charme da nossa música brega e uma socialite brasileira pobretona: o Brasil extravagante chega com pompa em Hollywood, a partir de hoje, na quarta edição do Hollywood Brazilian Film Festival.
O evento acontece no lendário cinema Egyptian Theater, um dos mais antigos e bem conservados de Los Angeles, palco da estreia de “Robin Hood”, em 1922, e diversos filmes de Charles Chaplin.
Entre os destaques do festival estão os documentários “Laura”, sobre uma brasileira misteriosa que mora num hotel barato de Nova York e frequenta as festas dos ricos, e “As Hiper Mulheres”, sobre a música e liberdade sexual das índias da tribo Kuikuro (foto acima).
O evento abriu ontem, com exibição para convidados do filme “Heleno”. Os atores Reynaldo Gianecchini, Sergio Marone e Cleo Pires estavam presentes, embora não tenham nenhum filme na programação.
O festival termina no domingo agora, com “A Febre do Rato”, de Claudio Assis.
LÁ FORA, AS SIRENES tocam com estardalhaço. Dentro, os espectadores se perguntam se o barulho faz parte do evento. Afinal, aguardamos o início de “Fahrenheit 451”, um filme sobre bombeiros (embora não aqueles que apagam fogo, e sim que incendeiam livros).
Mas as sirenes são apenas uma coincidência que marca a entrada de Ray Bradbury, o paladino das bibliotecas agonizantes e autor do livro homônimo no qual François Truffaut baseou seu longa-metragem de 1966.
Bradbury entra na sala e atravessa o corredor ignorando aplausos e flashes, o olhar petrificado por trás dos óculos de lentes grossas, enquanto desliza numa cadeira de rodas até o palco.
O autor de “O Homem Ilustrado” e “As Crônicas Marcianas” era o convidado da noite, na sede do Sindicato dos Roteiristas, em Los Angeles, no mês passado (agosto de 2010).
O escritor completou 90 anos em 22 de agosto (de 2010) e a prefeitura resolveu homenageá-lo criando oficialmente a Semana Ray Bradbury, com uma programação de eventos, peças de teatro e tardes de autógrafos.
Para falar com o público antes da exibição de “Fahrenheit 451”, Bradbury precisou que segurassem o microfone para ele. Na cadeira de rodas desde que sofreu um infarto, há mais de dez anos, o autor é uma figura frágil, mas não lhe faltam palavras afiadas e bom humor.
“Mel Gibson está muito ocupado com sua garota russa“, disse Bradbury, referindo-se às polêmicas do ator com sua ex-mulher. Há mais de uma década, Gibson comprou os direitos de produzir o remake de “Fahrenheit 451”. O contrato vence em 2011 e não há sinais de que o filme saia até lá.
Bradbury segue escrevendo vigorosamente. “Acordo todo dia e explodo”, conta, e dá risada: “Vomito pela manhã e limpo pela tarde”. Ele diz que, de sua casa em L.A., costuma ditar histórias pelo telefone para a filha, que mora no Arizona. Até o final do ano, lança o livro de contos “Juggernaut”.
Durante o evento, o escritor reafirma sua paixão pelas bibliotecas. Foi numa sala de estudos de uma delas, a Powell Library da Universidade da Califórnia, que escreveu “Fahrenheit 451”, há quase 60 anos, com uma máquina de escrever alugada na biblioteca.
O autor lembra que, sem dinheiro para fazer faculdade na época da Grande Depressão, impôs-se a disciplina de frequentar bibliotecas pelo menos três vezes por semana, durante dez anos.
Nos últimos anos, Bradbury visitou cerca de 200 bibliotecas californianas, em campanhas de arrecadação para evitar o fechamento de muitas delas, ameaçadas pelos drásticos cortes orçamentários do Estado.
“Bibliotecas são mais importantes do que universidades. Bibliotecas são livres. E o conhecimento deve ser livre.”
Hoje (19/9/2010), o autor dará autógrafos numa convenção de HQs em L.A. Mais de 20 obras suas foram transpostas para o universo dos quadrinhos na última década.
Depois do sucesso dos cachorrinhos Uggie (“O Artista”) e Cosmo (“Toda Forma de Amor”) na temporada dos prêmios do cinema, a Academia resolveu prestar uma homenagem ao “melhor amigo do homem” (ou seria do ator, no caso?) num evento hoje à noite.
Susan Orlean, autora do livro “Rin Tin Tin: The Life and the Legend”, e Dorothy Yanchak, presidente da fundação Rin Tin Tin, estarão presentes para contar histórias de bastidores junto com os treinadores de animais Sarah Clifford, Gina Johnson, Heather Long e Chelsea Riggins.
Os cachorros Brigitte, Oscar e Rin Tin Tin também vão, mas “sem autógrafos, por favor”, avisa a organização. Uggie e Cosmo, que na vida real têm outros nomes, não poderão ir.
O Rin Tin Tin original foi resgatado na Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial por um soldado americano que mais tarde o levou para Hollywood. Ao longo dos anos, diversos outros o substituíram.
Já a bulldog Brigitte andou trabalhando na série “Modern Family” (foto abaixo), e Oscar fez “Como Cães e Gatos” e “Um Homem de Sorte”.
Por R$ 60 mil, o trono de ferro da foto acima pode ser seu.
A HBO está vendendo no seu site réplicas do famoso trono dos Sete Reinos do seriado “Game of Thrones”, de 160 quilos e dois metros de altura.
Há uma taxa de entrega de R$ 3.600 (e provavelmente só entrega nos EUA).
De acordo com o Los Angeles Times, que cita as mitologias dos livros de George R.R. Martin, o trono de ferro foi construído em 59 dias pelo antigo rei Aegon Targaryen, o primeiro dos Sete Reinos, com milhares de espadas de seus inimigos derrotados.
A ópera “Don Giovanni” ganhou releitura modernosa com apresentações lotadas no Disney Hall no final de maio, com figurinos das irmãs estilistas Kate e Laura Mulleavy, da Rodarte, e estranhos cenários criados por Frank Gehry, o mesmo arquiteto da sala de concertos, cartão-postal da cidade.
Gustavo Dudamel, diretor musical da Filarmônica de Los Angeles desde 2009, liderou pela primeira vez nos EUA a orquestra numa ópera encenada, com seus músicos sentados no coral, um pouco acima das instalações de Gehry, como grandes pedaços de papel branco amassados.
Mark Swed, crítico musical do “Los Angeles Times”, escreveu que as formas abstratas do cenário “são uma interessante metáfora para os personagens desta complicada trama”.
A ópera, dirigida por Christopher Alden, é a primeira de três apresentações dedicadas a Mozart, que acontecerão nas próximas temporadas com outros artistas convidados.
As fotos do post são de divulgação, do Craig T. Mathew (Mathew Imaging).
O vídeo abaixo é de dentro da sala de concertos, que eu fiz no ano passado.
Los Angeles ganha neste verão sua primeira “bienal das artes”.
A exposição “Made in L.A.”, que abriu na semana passada e vai até setembro, conta com 60 artistas que trabalham na cidade, entre jovens em começo de carreira e veteranos pouco reconhecidos.
O nome “bienal” é apenas uma formalidade. Várias mostras do gênero já aconteceram na cidade ao longo dos anos, mas esta não pretende sumir do mapa.
Desta vez, o Hammer Museum, uma das instituições de arte mais endinheiradas dos EUA, quer que o evento aconteça a cada dois anos, sempre com a mesma pompa.
Uma novidade: o artista vencedor será escolhido pelo público visitante, após um júri decidir cinco finalistas.
O ganhador levará para casa um prêmio de US$ 100 mil (cerca de R$ 200 mil), valor maior que o famoso Turner Prize, do Tate de Londres, e igual ao Bucksbaum Award, da Whitney de Nova York.
“Made in L.A.” acontece em três espaços: no Hammer Museum (no bairro Westwood), no espaço LAX Art (Culver City) e na Municipal Art Gallery (no Barnsdall Park, em Hollywood).
Os artistas foram escolhidos por um time de cinco curadores: Anne Ellegood e Ali Subotnick, do Hammer, e Lauri Firstenberg, Cesar Garcia e Malik Gaines, do LAX Art.
Fotos de divulgação: na ordem, obras de Dan Finsel, Meg Cranston e Nzuji de Magalhaes
Depois do rapper Tupac Shakur “renascer” das trevas num holograma durante um festival de música em abril, a modinha vai ganhando mais e mais fôlego.
A próxima “ressuscitada” deve ser Marilyn Monroe, de acordo com a Hollywood Reporter. A revista informou hoje que a empresa Digicon Media está em estágio inicial de criação de um show com a musa.
Até o final do ano devem ser divulgados mais detalhes do show “Virtual Marilyn Live — A Musical Celebration of the Birth of the Pop Icon”, como possíveis convidados e local. A empresa disse que será transmitido ao vivo na internet.
Bom lembrar que o truque do holograma é velho.
Quem esteve na exposição sobre os 50 anos da Bossa Nova, na Oca, em São Paulo, em 2007, viu o “show holográfico” de nove minutos com Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Elis Regina, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Stan Getz, Johnny Alf e Hermeto Pascoal, todos cantando “Garota de Ipanema”.
O holograma é polêmico, mas rentável.
Depois do rapper Tupac “surgir” no Coachella (foto acima), ele voltou à parada musical da Billboard pela primeira vez desde 2000. Boatos sobre uma turnê do holograma se espalharam rapidamente.
A reportagem da Hollywood Reporter (disponível online, em inglês) é bem interessante e vale a leitura. O artigo lembra que a técnica já foi usada pela rede de TV CNN (com Will.I.Am) e pode ser ampliada para comerciais, filmes e o que mais vier à cabeça.