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Fernanda Ezabella

Hollywood e outras viagens

Perfil Fernanda Ezabella é correspondente da Folha em Los Angeles

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A filha-problema de Clint Eastwood

Por @ferezabella
19/05/12 15:57

O diretor Clint Eastwood vai agora ser julgado não apenas por seus filmes mas também por sua família.

Começa amanhã, aqui nos EUA, o reality show “Meet Mrs. Eastwood & Company”. Clint não deve aparecer muito, já que o foco é sua mulher, Dina.

Quem deve levantar a audiência com seus dramas e choros é sua filha rebelde Francesca, de 19 anos. Os clipes abaixo mostram um pouco da bagunça.

Francesa, mistura de artista e modelo, namora um fotógrafo mais velho e está deixando a casa da família em Carmel para viver com ele em Los Angeles. Ela é filha de Clint com a atriz Frances Fisher, embora também chame Dina de “mãe”.




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O fim das mulheres desesperadas

Por @ferezabella
18/05/12 00:12

Acabou no último domingo, sem fanfarra alguma, um dos pouquíssimos seriados que acompanhei de cabo a rabo: “Desperate Housewives”.

É difícil explicar porque gostava tanto da série (difícil até de dizer publicamente!). Quando cheguei aos EUA, virou um substituto das novelas brasileiras. Claro, não era um programa diário, não tinha o Corcovado nem o Copan, e durou oito anos com os mesmos personagens! Mas os dramas eram quase os mesmos.

Acho que assistia pelo simples escapismo. Conhecia bem os personagens, gostava deles e, uma vez por semana, podia ficar por dentro da vida dos outros. Era como uma janela para a sociedade americana, tão parecida com a brasileira, num subúrbio rico e conservador.

E aqui vão os “spoilers” para quem, como eu, ainda lembra de Susan, Lynette, Bree e Gabrielle.

Como nas novelas brasileiras, o último episódio acabou com uma grande festa de casamento. Depois, cada amiga seguiu um rumo diferente fora de Wisteria Lane, começando por Susan, que decide ir ajudar a filha a criar um bebê e terminar os estudos.

Depois vem Bree. Sua história vira um “Law & Order” cômico por conta de seu julgamento. Ela é acusada de matar o padrasto de Gabrielle, mas acaba se livrando, claro, quando Karen McCluskey confessa o crime que não cometeu (para quem não lembra, foi Carlos).

A velhinha estava à beira da morte, sofrendo de câncer, e resolve ajudar Bree antes de bater as botas. No final, Bree também deixa o bairro para ir morar com o advogado que a defendeu (foto acima) e acaba entrando para a política.

Já Lynette, minha favorita, volta com Tom, e os dois seguem para Nova York, onde ela vira presidente-executiva de uma empresa europeia comandada por Katherine Mayfair (a Dana Delany, que volta para uma última ponta).

Gabrielle também se dá bem nos negócios. Depois da boa experiência como “personal shopper” de uma loja, ela abre seu próprio negócio online, ganha um programa de TV e se muda com Carlos para a Califórnia.

O episódio final de duas horas teve audiência de 11 milhões de pessoas, 2 milhões a mais que na semana anterior e bem acima dos 600 mil de média da temporada.

A atriz que interpreta Gabrielle, Eva Longoria, já tem programa novo que estreia no segundo semestre: “Ready for Love”, um reality show de namoro. Uma pena, estava torcendo para uma delas ganhar um seriado próprio.

— o blog volta na segunda com uma entrevista que fiz ontem com Tony Bennett e Maria Gadú. Até lá!

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"Xingu" Mon Amour

Por @ferezabella
16/05/12 03:40

Outro filme brasileiro que fui ver durante minha passagem por São Paulo foi “Xingu”. Adorei do começo ao fim, é daqueles que a gente não quer que acabe nunca.

O diretor é Cao Hamburger, o mesmo de “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, que ficou entre os oito finalistas para o Oscar de filme estrangeiro em 2008.

“Xingu” é filme de ficção com cara de documentário. Conta a aventura dos irmãos Villas-Bôas durante a expedição Roncador-Xingú, na década de 40, que acabou levando à criação do primeiro parque indígena do país, em 1961.

Os três irmãos — Claudio, Leonardo e Orlando — saem como aventureiros pelas profundezas do Brasil e se encontram com índios que nunca antes haviam visto homens brancos.

Não tem como fugir do deslumbramento da descoberta, do temor do perigo. Me senti dentro da canoa, queria abraçar o cacique, bisbilhotar os detalhes da aldeia.

Mas a ingenuidade passa rápido. Logo os irmãos estão negociando com militares e se metendo com as índias. Talvez por medo da pieguice, o diretor apresenta os dois romances do filme de forma bem leve, delicada, quase por acaso, embora sejam essenciais para a história.

Cao foca nos irmãos, nas intrigas pessoais e idealismos. Os índios seguem um mistério, com suas etnias variadas, línguas estranhas, rituais. De uma forma respeitosa, é como se o diretor se colocasse ao lado dos irmãos, como um quarto integrante.

Talvez tenha gostado tanto do filme pelas lembranças que trouxe. Trabalhei por quase um ano como “educadora” de uma exposição de arte indígena, em 1999 ou 2000. Era dentro do evento “Brasil 500 Anos”, no Parque Ibirapuera.

Levava a criançada, além de grupos de idades variadas, para ver a “joia” da exposição, o tal do “manto tupinambá”, e contar as histórias dos índios canibais. Passei uns dois meses estudando isto, além das máscaras, dos rituais de iniciação dos meninos, da fabricação das urnas funerárias, dos cestos, da mandioca.

A mostra ficava no prédio conhecido como Oca, de cimento. Apesar do nome, não tinha nada de “indígena”. Era gelado lá dentro, e as peças ficavam protegidas por vitrines de vidro. Ainda assim, foi um dos trabalhos mais legais que já fiz.

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"Os Bandidos" da luz vermelha

Por @ferezabella
14/05/12 03:23

Passei a semana em São Paulo para renovar visto e fui assistir a uns filmes brasileiros em cartaz. Estava curiosa para ver Ney Matogrosso de Bandido da Luz Vermelha, mas fiquei decepcionada. Alguém deve estar se revirando no túmulo, Rogério Sganzerla ou o próprio bandido.

“Luz nas Trevas”, estreia da sexta-feira passada, vem sendo divulgado como uma “continuação” de “O Bandido da Luz Vermelha”, clássico do cinema marginal, de Sganzerla, lançado em 1968. Porém, de continuação não tem quase nada. Está mais para um remake ou uma imitação simplesmente.

O filme novo foi dirigido por Icaro C. Martins e Helena Ignez (viúva de Sganzerla), com roteiro final baseado num roteiro inacabado do próprio diretor “marginal”, morto em 2004.

Ney é o Bandido da Luz Vermelha. Está preso, bem mais velho, maduro. Enquanto ele filosofa na cadeia, seu filho Jorge (ou o marginal Tudo-ou-Nada) sai imitando os crimes do pai — entra nas casas com uma lanterna vermelha, rouba (“euro ou ouro!”) e come.

O que me incomodou é que é parecido demais, a linguagem, as cenas, as piadas. Não tem uma pincelada de atualidade, uma releitura, uma novidade. Como se o original fosse tão a frente do seu tempo que o filme novo parece datado.

Há um paradoxo também. O personagem de Ney Matogrosso se diz o bandido de verdade e não o personagem do filme de 1968 (ele faz um comentário sobre não ter visto o filme, protagonizado por Paulo Villaça, na foto acima). Continuação do quê então? Por que esse tapa de realidade?

Outra coisa que estranhei: minha lembrança do bandido do filme de 1968 era um cara macho pra caralh&^%, destrambelhado, cafa, como o filho comedor do filme atual. E a escolha de Ney Matogrosso, que de início parecia tão genial, no fim achei fora de tom. Sua atuação tem uma delicadeza inegável na voz, nos movimentos.

E, ao final (e aqui vai um “spoiler”), ele canta uma música do Secos & Molhados e desvirtua totalmente minhas tentativas de entrar na viagem deste “bandido da luz vermelha maduro”. Realmente, era o Ney mesmo, o tempo todo.

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Jon Hamm brinca de Dr. Love

Por @ferezabella
10/05/12 07:00

Sou maior fã de Jon Hamm, mas achei o vídeo meio bobinho. É parte de um projeto legal, ainda que sem graça: colocar adultos para responder perguntas de meninas adolescentes.

A série se chama “Ask a Grown Man” (pergunte a um adulto), do site para garotas “Rookie”.

Jon Hamm aconselha da forma mais séria possível que cada uma siga seu próprio estilo, que não se apavore se o garoto se desinteressar etc. E uma menina pergunta o que fazer se peidar sem querer na frente do namorado. “Peidar é peidar, todo mundo peida”, filosofa, sem responder.


“Tenho 41 anos. Isto não significa que você tenha que prestar atenção, mas é para seu interesse”, ele encerra. “Vocês provavelmente são muito novas para assistir a ‘Mad Men’, então, não sei. Aproveitem ‘Jogos Vorazes’.”

Outros atores já participaram da brincadeira, como BJ Novak, do “The Office”, e Paul Rudd.



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Verão à vista!

Por @ferezabella
09/05/12 07:00

Cinema americano bomba no verão. Apesar da nova estação só começar em junho, a temporada de filmes dá início neste mês de maio. Aqui, alguns que quero muito ver:





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O problema do "bullying"

Por @ferezabella
08/05/12 11:53

A campanha antibullying nos EUA ganhou mais força nos últimos meses com a estreia de um documentário elogiado pela crítica, mas cercado de polêmicas após receber uma classificação etária rigorosa.

Além disso, o filme foi acusado de omitir problemas de saúde de um garoto suicida e de criar uma suposta epidemia de bullying no país.

“Bully”, do diretor Lee Hirsch (sem previsão de estreia no Brasil), segue a vida de cinco adolescentes americanos em cidades do interior que sofrem abusos de colegas. Há o desajeitado sem amigos que apanha nos intervalos, a lésbica que se veste de menino e a garota que leva uma arma para se defender e acaba presa.

Continua…


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Bob Marley e uma aula de história

Por @ferezabella
07/05/12 07:00

 

Fazia tempo que não via um documentário musical tão incrível. Porque, vamos combinar, os últimos (George Harrison, Pearl Jam, Rolling Stones) eram tão chapa-branca que davam vergonha alheia.

Mas “Marley” é diferente. É um filme sobre Bob Marley, sobre reggae, sobre Jamaica, sobre África. As duas horas e meia de duração passam voando.


Ao mesmo tempo em que transforma Marley em deus, o filme deixa claro que é um deus bem cheio de falhas. É um Che Guevara da música, um símbolo social e também um estereótipo multiplicado em estampas de camiseta.

É emocionante quando ele volta à Jamaica em 1978 para fazer um show pela paz, num país em frangalhos por causa da guerra civil, e consegue levar ao palco os dois líderes dos partidos rivais, que se dão as mãos para delírio da platéia.

Ele também vai ao Gabão e descobre apenas ao chegar lá que está sendo convidado por um dos piores ditadores africanos. Marley e sua banda tocam mesmo assim. E há também cenas da independência do Zimbábue, em 1980, no qual Marley vai tocar para o recém-eleito Robert Mugabe, até hoje no poder…

O filme começa em Gana, uma cena estranha, no qual um guia mostra o grande portão “Door of No Return” – onde os escravos eram embarcados e não voltavam mais. Depois, vai para o interior da Jamaica, aquela pobreza cinematográfica, e fala da infância de Marley, do pai branco, do preconceito por ser mulato, da música como escape e, claro, do encontro com a religião Rastafari.

Aqui é outra aula de história. Mas confesso que não entendi muito bem a veneração que os rastas têm com o imperador da Etiópia Haile Selassie I (1930-1974), suposta reencarnação de Jesus.

Enfim… mas é a religião que serve de “desculpa” para a mulher de Bob Marley, Rita, aceitar todas as traições (ele teve 11 filhos de sete mulheres diferentes). “Eu era como um anjo guardião, estava lá para cuidar dele. Para mim, estávamos numa missão espiritual”, ela diz.

Dois dos filhos aparecem, lembram do pai maconheiro e da dificuldade de ter amiguinhos em casa. Outras mulheres também aparecem: umas dizem que ele era bastante tímido, outras que era um galanteador de primeira.

É curioso como ele construiu seu público primeiro na Europa e teve problemas em alcançar os negros nos EUA. Seus shows em cidades americanas lotavam, mas só de brancos.

E, de uma hora para a outra, ele é diagnosticado com câncer, espalhado pelo corpo todo. De repente, o show do dia vira o último da carreira, em Pittsburgh, 1980. E ele some para se tratar num retiro holístico na Alemanha, numa cidade coberta de neve. Marley perde os dreads, aparece fraco. Morre em maio de 1981.

Anos antes, em 1977, ele tinha sofrido melanoma, um câncer de pele, e quase perdido um dedão do pé. O problema aparecera após ele se machucar jogando futebol, uma de suas paixões. Mas é triste quando um entrevistado lembra: “Se ele tivesse feito os check-ups nos anos seguintes, ele poderia estar vivo ainda hoje.”

PS – as fotos do post são do filme “Marley”, de Kevin Macdonald (“O Último Rei da Escócia”, “Being Mick”)

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Los Angeles de Charles Bukowski

Por @ferezabella
04/05/12 07:00

Linda e Charles Bukowski, em foto exposta em 2011 na Huntington Library

A Los Angeles de Charles Bukowski (1920-1994) está mais conservada que a de John Fante (1909-1983).

A Esotouric faz quatro tours por ano sobre o autor. A saída é da lanchonete Philippe’s, no centro da cidade, um verdadeiro achado, um lugar que parece parado no tempo. É especializado em sanduíches “french dipped”, com o pão meio molhado no molho das carnes. É bem bom e barato.

O lugar é incrível, com grandes mesas de madeira e mesmo cardápio desde que abriu em 1908 (será?). Bukowski fez até um poema dedicado ao Philippe’s, que Richard Schave, guia do tour, lê para a turistada no busão.

O tour tem um lado meio brega, mas é legal trocar ideias com gente que sabe tanto do assunto. Depois, com calma, dá para voltar aos lugares mais legais e curtir sem pressa, sem turma.

From Dan Fante

Bukowski passou os últimos anos de vida em San Pedro, distrito portuário de Los Angeles, mas uma das casas em que ele morou em Hollywood é hoje patrimônio da cidade. A placa do foto acima fica na calçada em frente à casa, onde hoje mora uma família de mexicanos.

Diz Schave que os proprietários atuais nem sabiam quem era o autor, mas acabaram descobrindo com tanta gente que passa para tirar foto da casa (5124 W. De Longpre Ave).

Bukowski morou aqui entre 1963 e 1972. Foi onde escreveu “Cartas na Rua” (1971), seu primeiro romance, sobre seus dias como carteiro. (“It began as a mistake” — primeira frase do livro, lembram?). Linda King, namorada na época, morava numa casa igual nos fundos do condomínio.

From Dan Fante

O posto do correio onde ele trabalhou por mais de dez anos fica perto da lanchonete Philippe’s e ainda tem uma fachada de correio, apesar de hoje funcionar um grande data center.

Outra lanchonete/restaurante que ele frequentava no centro, entre as dezenas de casas de striptease e cinema que viraram estacionamentos, é a Clifton’s Brookdale, atualmente em reforma, na Broadway com a 7th Street.

Num de seus poemas, ele cita a Clifton’s (de decoração esquisita, imitando uma floresta, com árvores e cachoeira de mentira) e também uma galeria de jogos eletrônicos, um quarteirão dali. Acho que o poema se chama “Downtown”, mas não consigo achar nenhuma referência na internet.

From Dan Fante

Outra parte central da cidade para Bukowski é a Biblioteca Central (foto acima), da qual já falei no post anterior. Ele frequentava bastante (dizia que era o melhor lugar para fugir do locatário atrás do aluguel, com um banheiro limpo e livros de graça) e foi onde descobriu John Fante, seu “deus”.

E, claro, não podia faltar a birita. Quando morava em Hollywood e parou de dirigir, passou a frequentar a pé quase que diariamente a loja de conveniência Pink Elephant (1836 N Western Ave).

From Dan Fante

A tour também passa por outros dois lugares que o autor morou, mas que hoje são construções totalmente diferentes. Talvez a melhor parada de todas seja no Musso & Frank, tenho certeza que muitos fantasmas literários ainda rondam por lá.

Um ano atrás fiz uma longa entrevista com a viúva dele, Linda, na casa em que eles moraram, em San Pedro. Saiu na Ilustríssima e pode ser lido aqui online (o título é problemático, porque ele nunca beat…)

Radinho, máquina de escrever e copo intacto de Bukowski, expostos em 2011 na Huntington Library

A série Fante-Bukowski acaba aqui. Segunda-feira tem uma resenha do incrível novo documentário sobre Bob Marley.

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Los Angeles de Arturo Bandini

Por @ferezabella
03/05/12 07:00
From Dan Fante

Para quem vier a Los Angeles para uma peregrinação em Bunker Hill é bom saber: Bunker Hill não existe. O bairro, um dos primeiros subúrbios de Los Angeles, foi destruído no final dos anos 60. O tal do “hill” (colina) foi aplainado, fazendo sumir mais de 7 mil casas e apartamentos.

Mas ainda restam cenários de Los Angeles por onde circularam John Fante (1909-1983) e seu intrépido personagem alter-ego Arturo Bandini. Charles Bukowski também se mudou para Bunker Hill depois de ler “Pergunte ao Pó”.

No mês passado, no dia em que Fante completaria 103 anos, fiz um tour de uma empresa chamada Esotouric, fundada por Richard Schave, mesmo figura que batalhou para a prefeitura colocar a placa do foto acima, que levou uns três anos e só foi instalada em 2010.

Schave diz que Fante é incrivelmente pouco apreciado nos EUA, com mais fama na Europa. Tanto que esta tour só é feita uma vez por ano.

Bunker Hill, ele diz, era como as casinhas de madeira estilo vitoriano que ainda existem em San Francisco. No busão do tour, ele passa vários vídeos de como era antes enquanto passamos pelas mesmas ruas, agora com prédios monstruosos de vidro.

A placa acima fica na esquina da Biblioteca Central, entre Grand Avenue a 5th Street. De “praça” (square), não tem nada e nem vale a pena ir só para ver. Mas pode valer para dar uma entrada na biblioteca. Era aqui que Charles Bukowski frequentava e onde leu Fante pela primeira vez (para ser mais exata, na parte onde hoje é “Children’s Literature”).

From Dan Fante

O que sobrou de Bunker Hill é bondinho “Angels Flight“, apelidado de “a menor rodovia do mundo”, que levava ao topo do bairro. Na verdade, mudaram o bondinho um quarteirão de distância e hoje leva a lugar nenhum (quer dizer, leva a uma praça sem graça com um monte de arranha-céu) por 50 centavos de dólar.

Bandini pegava o Angels Flight (ou descia pela escadaria para não pagar) para chegar ao centrão de Los Angeles ou ir ao mercadão Grand Central, bem em frente, que funciona desde 1917. É aqui que ele comprava suas laranjas do japonês simpático em “Pergunte ao Pó” (1939) ou “Sonhos de Bunker Hill” (1982).

From Dan Fante

Perto também ficava a loja da Goodwill, onde Bandini comprava suas roupas usadas com os cheques que recebia do editor. Mas hoje o lugar é uma igreja, entre a Broadway Street e a 3rd St. Aquele bar de striptease Follies, que Bandini se apaixona por uma dançarina e manda uma carta bregosa para ela, é hoje um estacionamento, na altura do número 550 da Main St.

Para entrar no clima boêmio, siga para o “dive bar” King Eddy Saloon, cujo logo é “Where nobody gives a shit about your name”. Fante frequentava bastante aqui, assim como Charles Bukowski, quando ambos não estavam no Musso & Frank, em Hollywood. E Bandini vem torrar uma grana que recebe da mãe pelo correio.

O bar fica na Los Angeles Street com a 5th St. É um lugar meio barra pesada para ir à noite sozinho. De dia é tranquilo. Como quase todos os bares históricos de LA, este também tem hoje televisões passando jogo. Meio deprê.

From Dan Fante
From Dan Fante

Para uma passagem mais santa, ao estilo “altar boy” de Fante, vá às raízes mexicanas de Los Angeles, no bairro El Pueblo.

Quem não lembra da igreja La Placita? Bandini entra desesperado (acho que passava por um bloqueio de escritor) e é abordado por uma prostituta enquanto reza. Ele recusa o programa, mas depois  morre de inveja ao vê-la saindo com um mexicano. Ele xinga os mexicanos e a espera. No quarto com ela, Bandini tem medo, não fazem sexo e ele apenas dá quase todo seu dinheiro para ela.

From Dan Fante

Bom, a igreja existe e vai bem (foto acima). Fica numa parte histórica da cidade bacana, na Spring Street, quase em frente a um prédio que foi um dia um hotel famoso, Pico House ou National Hotel, “o mais fino do sul da Califórnia”, no começo do século 20. Fante se hospedou aqui nos anos 30.

Também perto fica a Olvera Street, rua mais antiga da cidade, repleta de lojinhas de souvernires mexicanos.

From Dan Fante

Amanhã, posto a Los Angeles de Charles Bukowski.

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