"Argo", de Ben Affleck, já é favorito do Oscar
21/09/12 15:00Fazer cinema, seja de verdade ou de mentira, é a desculpa usada na trama de dois filmes poderosos apresentados no Festival de Toronto: a ficção baseada numa história real “Argo” e o documentário sobre assassinos na Indonésia “The Act of Killing”.
O primeiro, dirigido e estrelado por Ben Affleck, já está entre os favoritos dos críticos para liderar a temporada de prêmios de Hollywood.
O longa, que estreia no Brasil em novembro, segue o resgate de seis americanos em fuga no Irã, após militantes armados invadirem a embaixada dos EUA em Teerã, como parte dos tumultos da Revolução Islâmica de 1979.
Um agente da CIA (Affleck) bola um plano mirabolante com ajuda de dois figurões de Hollywood.
Ele tentará entrar no país como se fosse um produtor canadense de um filme de ficção científica chamado “Argo” e sair dois dias depois com sua “equipe de filmagem”, os seis americanos agora transformados em canadenses, roteirista, diretor, produtor associado etc.
“Embora a história tenha 30 anos, ainda é muito relevante, atual”, disse Affleck a jornalistas em Toronto.
“No sentido de que é sobre as consequências sem intenção da revolução, ainda estamos lidando com as mesmas questões daquela época. E há paralelos reais com o que está acontecendo na Primavera Árabe, da Tunísia ao Egito e à Síria”, completa.
O filme, que será exibido no Festival do Rio neste mês, mistura a tensão de thriller de espionagem pelas ruas caóticas de Teerã com uma sátira de Hollywood e seus costumes, como quando é feita uma leitura do roteiro numa festa glamourosa em Los Angeles para jornalistas.
Ironias e piadas sobre a indústria geraram risadas em Toronto. Para o crítico Roger Ebert, “Argo” será o vencedor do Oscar de melhor filme. “Como eu sei disso?”, ele escreveu em seu site.
“Porque foi o favorito do público […] Toronto tem uma maneira estranha de prever vencedores da Academia”, continuou, citando “Onde os Fracos Não Têm Vez” e “O Discurso do Rei”.
THE ACT OF KILLING
Já o documentário de Joshua Oppenheimer e Christine Cynn traz entrevista com o líder paramilitar Anwar Congo e seus comparsas, incluindo o dono de um jornal, todos assassinos confessos vivendo livremente na Indonésia, orgulhosos de todos os seus crimes.
Os diretores convencem Congo e sua gangue, que chegaram ao poder após o golpe militar de 1965, a encenar suas táticas de tortura e matança, como se fosse um filme de verdade, incluindo figurinos e efeitos especiais.
Fã de James Bond e John Wayne, Congo pinta os cabelos para o filme e reclama de uma cena. “Melhor fazer de novo, eu nunca usaria uma calça branca para matar.”
“Não cruzava com um documentário tão poderoso, surreal e assustador como este em uma década”, escreveu Werner Herzog, produtor executivo do longa, junto a Errol Morris.