A Los Angeles Derby Dolls (LADD), liga de roller derby da qual sou afiliada, organiza a 6a edição do torneio nacional “Battle on the Bank”. O nome faz menção à pista inclinada (banked) na qual o jogo sobre patins acontece.
Começa nesta sexta-feira e vai até domingo. Ingressos variam de US$ 15 a US$ 80. Site oficial: http://battleonthebank.com/vi
Serão oito times de cinco Estados americanos e ligas convidadas de roller derby infantil: LADD, Arizona Derby Dames, OC Roller Girls, San Diego Derby Dolls, Penn Jersey Roller Derby, Salt City Derby Girls, Sugartown e Tilted Thunder.
Além dos jogos, haverá food trucks, música ao vivo e uma vila com bar, lojinhas de roupas e acessórios esportivos. Eu estarei por lá no final de semana, ajudando na organização.
Abaixo, o time de All Stars da LADD, vencedor do campeonato de 2012, sediado em Seattle.
Neste sábado (27/04) acontece o primeiro jogo de roller derby do ano no Brasil.
Será no Rio de Janeiro, com jogadoras da seleção brasileira divididas em dois times: Ordem x Progresso.
O evento começa às 18h, e o ingresso custa R$ 20 na porta. Endereço: Colégio Servita (av. Geremário Dantas, 769, Pechincha, Jacarepaguá – Rio de Janeiro – RJ)
O jogo acontece depois de um bootcamp com duas das maiores estrelas do roller derby americano, Bonnie Thunders e OMG WTF, do Gotham Girls Roller Derby (Nova York).
Elas estão no Rio para treinar as jogadoras da seleção brasileira e para dar um treino intensivo para todas as praticantes do esporte no país.
Mais informações: rollerderbybrasil@gmail.com
E para quem estiver em Los Angeles, sábado tem mais um jogo das L.A. Derby Dolls. O time all-star da liga, Ri-Ettes, joga contra Rose City Rollers, de Portland. O jogo começa às 20h, as portas abrem 18h. Mais info aqui.
As L.A. Derby Dolls completam dez anos em 2013. Esta aqui abaixo é uma das minhas jogadoras favoritas: Mourning Wood.
Aconteceu no final de semana passado, no Rio de Janeiro, o primeiro Brasileirão de Roller Derby, com a participação de 11 times espalhados por todo o Brasil, de Manaus a Vila Velha.
Tudo foi organizado pela liga do Rio, Sugar Loathe Derby Girls, num colégio em Jacarepaguá.
Além de muito treino, rolaram também jogos entre os times. Pela primeira vez, as duas ligas de São Paulo se enfrentaram: a Gray City Rebels x Ladies of Hell Town.
A “jammer” Wasp (de preto, das Rebels) pula uma Lady do lado direito da foto (tirada do Facebook das Sugars).
Mais importante foram os três dias de clínica de arbitragem com Sugar Daddy, árbitro da liga americana Philly Roller Girls, que veio ensinar aos brasileiros a difícil arte de apitar um jogo de derby.
Eu não pude jogar porque ainda me recupero de uma lesão (quebrei o tornozelo em julho), mas fui técnica convidada de um time (escondida na foto abaixo), ajudei os árbitros como NSO (posição sem patins que ajuda na contagem do placar e faltas) e fui locutora de dois jogos.
Incrível que o esporte existe no Brasil faz apenas um pouco mais de dois anos. Para quem tiver interesse em patinar ou ser árbitro, esta é melhor hora para entrar na dança.
O querido amigo Lucio Ribeiro me mandou este vídeo incrível.
É o clipe de “Winner”, música nova do Pet Shop Boys, com as meninas da liga London Rollergirls.
Primeiro achei que era uma historinha curiosa, mas parece que é real mesmo. Segundo o site Advocate.com, a protagonista do clipe se chama Dirty Diana e é uma transgender da liga.
ATUALIZAÇÃO 25/07 – é uma historinha mesmo, não é real. A liga disse no Facebook: “É uma história real no mundo do roller derby, mas não na LRG [London Rollergirls] neste momento. Mas acho que apenas uma questão de tempo”.
Minhas colegas do Los Angeles Derby Dolls também participaram de um clipe recentemente, do Aerosmith, mas sem muito a ver com roller derby, a não ser os patins e alguma roupa maluquete.
A indústria do roller derby não para de crescer. Além dos patins, roupas esportivas e aparatos de proteção, tudo feito especialmente para o roller derby, há também uma convenção que acontece em Las Vegas desde 2004, dezenas de livros e filmes.
Tem até roupinha para bebê (olha só os sapatinhos da foto abaixo) e uma mulher que vende um áudio de auto-ajuda para roller girls (bizarro!).
Entre os filmes, o mais recente é o documentário “Derby, Baby!”, que estreou em festivais de cinema dos EUA em março e segue agora para a Escócia e Nova Zelândia.
Conversei por telefone com a codiretora Robin Bond, de Denver, e coloco aqui uns trechos do bate-papo. Depois da conversa, ela me mandou um link do filme. Ou seja, a entrevista rolou sem eu ter visto o filme.
“Derby, Baby!” é especial porque mostra o crescimento do esporte fora dos EUA, aproveitando bem o embalo da Copa do Mundo. Nossa jogadora Fernanda “Matadora”, que treina em Stuttgart Valley Rollergirlz (Alemanha), é uma das entrevistadas, como parte da seleção brasileira. Ela diz:
“Nosso time tem 14 jogadoras, das quais dez estão jogando pela primeira vez. Fiquei com um pouco de inveja. É tipo: ‘quando foi seu primeiro jogo?’, ‘na copa do mundo!’. Isto é incrível!”.
A “Matadora” está na foto abaixo, ao lado das “hermanas” da Argentina.
Robin Bond – Li sobre e fui ver um jogo. Pensei em começar a treinar com elas, mas quem acabou aderindo foi minha filha, na liga júnior. Quando vi o filme “Garota Fantástica”, fiquei ainda mais envolvida. Começamos a filmar aqui em Denver, mas logo percebemos que o fenômeno estava no país todo, então resolvemos levar a história para longe. O ponto principal é que este é um filme não só sobre o esporte e sim sobre mulheres e “empowerment” [não sei como traduzir esta palavra, mas é algo como as mulheres no poder, tomando as rédeas da própria vida], sobre como elas ganham confiança por causa do derby e carregam isto para fora da pista.
Pergunta – Como foi a jornada do filme? Por onde passaram e quantas pessoas entrevistaram?
Robin Bond – Só terminamos agora a produção, depois de quase dois anos e meio. A história não parava, estávamos sempre prolongando as filmagens. Num período de dois anos, o número de ligas subiu de 600 para mais de 1.200 no mundo todo. Fizemos 180 entrevistas e mais da metade está no filme. Fomos para a Irlanda filmar os “try outs” para a Copa do Mundo. E, quando estávamos lá, falamos com gente da Finlândia, Noruega, Escócia e Inglaterra.
Pergunta – Pelo trailer, dá para ver que você aborda o futuro do esporte, profissionalizar ou não. A comunidade está mesmo dividida?
Robin Bond – Acho que está definitivamente dividida, mas me parece que há espaço para todas estas tendências diferentes. Algumas ligas e patinadoras são bastante ambiciosas e querem levar ao nível máximo de atletismo. Outras ligas estão mais curtindo como uma recreação. Talvez um dia haverá ligas mais amadoras e outras mais profissionais. No momento, todos estão procurando seu lugar.
Pergunta – O que mais te surpreendeu sobre o esporte?
Robin Bond – A primeira coisa que eu aprendi, e a razão pela qual eu não entrei para a liga, é o tamanho absurdo de tempo que as patinadoras precisam se comprometer para fazer parte do time. É admirável, fascinante. Parece algo bem legal para fazer, mas eu não poderia me imaginar cuidando da família, do trabalho e ainda enfiar roller derby na agenda. Muitas das ligas dos EUA treinam três, quatro vezes por semana, além do serviço comunitário e dos comitês para fazer a liga funcionar. Foi o que mais me surpreendeu.
Pergunta – Como explica o crescimento do esporte?
Robin Bond – Há muitas mulheres que estão procurando sua tribo, e quando elas se conectam com o esporte e com as outras mulheres, é como se achassem sua casa, sabe? Muitas estão dispostas a fazer qualquer coisa para proteger e ajudar o derby crescer. Também é um ótimo esporte, do lado atlético. É desafiador e elas se divertem melhorando. Fora os fãs, que amam [e são bem malucos – foto abaixo, de um mascote de time].
Pergunta – Muita gente relaciona roller derby com feminismo. O filme aborda este aspecto?
Robin Bond – O roller derby é uma ótima metáfora para o que está acontecendo no movimento feminista. Conversamos com escritoras e sociólogas sobre a nova onda do feminismo, que é realmente sobre mulheres que não negam sua feminilidade, que não tentam ser homens e que aceitam quem são sem pedir desculpas. E no roller derby você tem mulheres quase fazendo graça dos estereótipos, não estão negando e sim exagerando. Meu filme tenta ser uma história maior do que apenas o esporte.
Outros documentários sobre roller derby, citados no livro “Down and Derby”:
“Demon of the Derby” (2001) – sobre Ann Calvello, diva do esporte, patinou por seis décadas
“Jam” (2006) – sobre as tentativas de ressuscitar o esporte nos anos 70
“Hell on Wheels” (2007) – sobre a criação do derby contemporâneo em Austin, Texas
“Blood on The Flat Track” (2008) – sobre o surgimento das Rat City Rollergirls, de Seattle
E outros filmes de ficção das antigas: “The Fireball” (1950, com Marilyn Monroe!), “Kansas City Bomber” (1972, com Raquel Welch), “Unholy Rollers” (1972).
Fotos – as três primeiras são minhas, as restantes são do filme “Derby, Baby!”
Mari Peryl Streep é uma das cofundadoras da liga paulistana Gray City Rebels, fundada no final de 2010. Ela também foi da liga Ladies of Helltown, a primeira do Brasil, criada em 2009, na mesma cidade.
A Mari foi uma das nossas “jammers” na Copa do Mundo, em Toronto. Na foto acima, ela está com a estrela no capacete. O jogo contra a Suécia foi o nosso primeiro. Apanhamos, mas aprendemos tanto… principalmente sobre nós mesmas (a gente nunca tinha jogado juntas!).
Bati um papo com ela sobre o estado do esporte no Brasil e o que mudou depois da nossa experiência no Canadá.
As Rebels treinam três vezes por semana e tem hoje 25 patinadoras “ativas e comprometidas”, além de um preparador físico e dois rapazes que estão se preparando para virarem árbitros. Este é um dos problemas do derby no Brasil, não há árbitros!
Pergunta – Depois da Copa do Mundo, o que aconteceu com o esporte no Brasil?
Mari Peryl Streep – O interesse pelo esporte tem crescido bastante. A nossa liga, por exemplo, recebe em média dez e-mails de meninas interessadas por semana. Quanto ao roller derby em território nacional, as ligas estão mais empenhadas em fazer com que o esporte se desenvolva e que haja integração e interação entre as brasileiras que praticam roller derby, não só no Brasil, mas pelo mundo também.
Pergunta – Quais as principais dificuldades de praticar o derby no brasil?
Mari Peryl Streep – Uma das maiores dificuldades é não ter um lugar próprio para a prática do esporte. Em São Paulo, por exemplo, alugar uma quadra para os nossos três treinos semanais é extremamente caro. Então treinamos duas vezes por semana no parque Ibirapuera (e ficamos sujeitas às mudanças climáticas, pois não dá para patinar com a quadra molhada) e uma vez por semana em uma quadra fechada na Liberdade, pela qual pagamos o aluguel com o dinheiro da mensalidade que cobramos das meninas da liga.
Pergunta – Quanto custa levar uma treinadora “gringa” para fazer “bootcamps” (treinos intensivos) no Brasil?
Mari Peryl Streep – Depende de quantas pessoas participam. Em abril do ano passado, nós trouxemos uma jogadora de Montreal, a Georgia W. Tush, pagamos a passagem aérea dela e o aluguel de uma quadra, por quatro dias, em um clube daqui de São Paulo. Tudo ficou em torno de R$ 5 mil. Hoje em dia, um ano depois da visita da Tush, as coisas estão bem diferentes. Como o esporte está crescendo, ninguém mais quer vir de graça, então a liga que quer realizar um bootcamp tem que arcar com a passagem, estadia em hotel, alimentação e espaço para o bootcamp. Isto tudo, por baixo, sai em torno de R$ 7 mil.
Na foto acima, Tush na Copa do Mundo, após quebrar a clavícula num jogo. Abaixo, as “rebels” treinando em São Paulo.
No domingo, na revista Serafina, da Folha de S. Paulo, tem um depoimento meu sobre minhas experiências no roller derby (foto abaixo, da Peryl Streep). Como não deu para falar do esporte no Brasil, publico alguns links das ligas brasileiras, além de um vídeo da minha liga aqui em Los Angeles.
Em São Paulo, existem dois times que treinam regularmente e estão sempre atrás de novas patinadoras. Quatro representantes de cada estavam comigo na Copa do Mundo de Roller Derby, em Toronto, no final do ano passado. Sou eternamente grata a elas por terem me convidado para fazer parte da seleção brasuca.
No Rio de Janeiro, tem as Sugar Loathe Derby Girls, que também participaram da Copa e têm treinos regulares no Rio (além de um blog bem caprichado, cheio de notícias sobre o esporte em português).
Se você não é de SP ou Rio, procure alguma destas ligas que elas sabem sobre times em outras cidades.
Amanhã, posto aqui uma entrevista que fiz com uma das fundadoras da liga Gray City Rebels, Peryl Streep.
E, na segunda-feira, dou a entrevista com Robin Bond , codiretora do documentário “Derby Baby: A Story of Love, Addiction and Rink Rash”, que tem feito a ronda dos festivais de cinema desde março. Trailer abaixo.